Ofereço meu poema
como algo aberto.
Aberto em duas abas: a direita e a esquerda.
Caminhe entre uma e outra
caminhe em alguma direção.
Ofereço meu poema aberto
o olhar dele é um sino e um martelo.
Os dois badalam e cortam o ar.
O sino soa pra alguém levantar
o martelo soa pra alguém afundar.
Afunda o martelo a cabeça achatada
acorda o sino a cabeça já levantada.
Ofereço meu poema
soando por soar. Soando como sino
soando como se cortasse o ar.
Ofereço o soar do poema
num ritmo que nem martelar
um ritmo afundando
um ritmo de martelar.
Ofereço meu poema
ofereço ele assim: bem colocado
como se fosse um peixe no anzol.
Não que meu poema fosse um raio de sol
nem que fosse um raio de chuva: meu poema é a própria chuva.
Ofereço meu poema
se ele estiver levantado
sei que alguém estará deitado.
Ofereço meu poema
não que ele tenha prestação. Se é uma emoção
usarei ela não como um fato
filtrarei o nato. Por que não o exato?
Ofereço meu poema
queira olha-lo de qualquer lado
mais ficarei bem mais alegre
se olha-lo de uma direção nobre
não para ver seu brilhar
mais sim para tentar escutar
o cantar do olhado. Do poema
visual e concretizado
que é finalizado
e finalmente
centralizado.
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