quinta-feira, 29 de maio de 2025

Nariz Narizal Alfinete



No crepúsculo, o nariz de Alfinete  

vê o outro nariz, trespassado em riso,  

na pele da esposa, leve e indiscreto.  

O vento carrega um suspiro cortante.  


O machado brilha, frio e certeiro,  

no punho que treme de ciúme e asco.  

Dois narizes dançam, entrelaçados,  

até que o ar se parte num grito.  


Jappp!—o metal canta sua fúria,  

cortando o laço, o hálito, o desejo.  

Caem no chão, dois corpos de um só golpe,  

e o silêncio se enche de sal e ferro.  


Alfinete olha o que restou:  

narizes sem dono, sangue sem nome.  

O vento agora sopra vazio,  

levando o cheiro do fim consigo.

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