No crepúsculo, o nariz de Alfinete
vê o outro nariz, trespassado em riso,
na pele da esposa, leve e indiscreto.
O vento carrega um suspiro cortante.
O machado brilha, frio e certeiro,
no punho que treme de ciúme e asco.
Dois narizes dançam, entrelaçados,
até que o ar se parte num grito.
Jappp!—o metal canta sua fúria,
cortando o laço, o hálito, o desejo.
Caem no chão, dois corpos de um só golpe,
e o silêncio se enche de sal e ferro.
Alfinete olha o que restou:
narizes sem dono, sangue sem nome.
O vento agora sopra vazio,
levando o cheiro do fim consigo.
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