terça-feira, 7 de janeiro de 2025

LENDAS DO MUNDO-MÉDIO - a luta contra o bruxo do norte

 

LENDAS DO MUNDO-MÉDIO - a luta contra o bruxo do norte
CAPÍTULO UM - ALTA TRAIÇÃO

"Que frio do caralho", disse Roik limpando o nariz adunco que escorria avermelhado. "Você acha mesmo que o rei dos Bruxos do norte vai nos receber de boa vontade, Braian?"
"Claro que vai, Roik", respondeu Braian, que também estava sentindo muito frio, só que se esforçava para não demonstrar, já que era o comandante de todos os cinquenta homens enviados pelo Rei Joivir. "Você acha que seu pai, nosso digníssimo Rei, teria nos enviado a uma missão dessas para nada?"
"Capitão", chamou um homem ruivo que tinha um corte no olho direito, que lhe dava um ar misterioso e ao mesmo tempo assustador.
"O que é?", perguntou Braian em um tom nervoso, já que sentia seus ossos congelados. "O que foi, seu bastardo? Me chama e não vai dizer nada?"
"Estamos chegando ao portão do Reino dele..."
Todos os homens olharam um grande portão de ferro que se erguia bem no meio de todo o gelo. O reino do bruxo Askorin, que era o maior feiticeiro de todos, capaz de se transformar em urso polar, dragão e em uma serpente  gigante.
A frente do portão havia dois ogros de três metros de altura, grandes e agasalhados, bem diferente dos homens que andavam com dificuldade devido ao frio.
"Quem são vocês", vociferou o ogro da direita, que era o maior e segurava um grande martelo de ferro com as duas mãos.
"Sou Roik, o principe do Reino Norte de Lamand. Meu pai me enviou para falar com o seu mestre, Askorin"
"É mesmo?" zombou o ogro da esquerda, que seguraba uma clava. Ele soltou uma risada terrível que deixou todos arrepiados. Todos, exceto Braian, que se aproximou deles com a mão na espada.
"Não é bom tratar um príncipe mensageiro de forma tão descortês, ogros. Nosso reino sempre teve uma aliança com o reino de Askorin, e sempre pagamos o devido tributo ao seu rei sem nunca fazermos objeções. Não vai, o principe dos bruxos nos deixar entrar?"
O ogro da direita disse algumas palavras da sua lingua "ashkanin, monding soiubung", e um corvo gigante apareceu em cima do grande portão de ferro.
"Sou Bombor, o corvo. O ogro me disse que vocês desejam falar com nossa majestade imperial... Acontece que mensageiros devem ser enviados antes de qualquer comitiva chegar em frente ao nosso portão. Nosso soberano tem muitos problemas e preocupações a tratar em suas regiões".
"Vejo que nem a presença de um principe enviado pelo seu próprio pai pode fazer Askorin nos receber hoje", falou Braian rudemente.
O corvo então disse: Engano seu. O rei deseja encontrá-los. Abram espaço, ogros. O rei irá receber seus hóspedes.
Houve um grande som no portão, e os ogros deram passagem aos homens, que se adiantaram e viram a sua frente um grande castelo. Eles andaram até lá, seguindo o corvo que foi voando. Quando entraram no castelo se sentiram melhores, porque havia muitas fogueiras lá. Embora o lugar parecesse vazio, Braian percebeu que havia um encantamento no ar, e o lugar estava repleto de criaturas comandadas por Askorin. Ele conseguiu perceber até o uivo de um lobisomem, mas seus homens estavam com os olhos vendados, como se tivessem caído em um encanto, e realmente era isso mesmo. Mas Braian e Roik não eram simplesmente homens. Eles eram da Casa Real de Lamand, e havia sangue élfico em sua linhagem, por isso era tão difícil eles serem hipnotizados por tais encantamentos. 
Quando chegaram ao trono de Askorin lá estava ele, sentado em uma grande cadeira de prata forrada por uma quantidade indescritível de fogo e fumaça que parecia andar ao seu redor. QUem o olhasse diria se tratar apenas de um velho idoso, com as barbas brancas tocando o chão, um nariz torto quebrado para o lado direito, e olhos negros penetrantes. Acontece que Askorin era um bruxo capaz de se transformar e mudar de forma, embora sua forma preferida fosse a de um urso polar. Mas ele decidiu receber Roik e Braian na forma de um velho bruxo semelhante a Merlim, o mago que ele derrotara há muitos anos atrás e tomará a coroa do reinado. 
"Sejam bem vindos, homens dos sul", disse Askorin com os olhos semicerrados, "o que trazem vocês ao meu reino?"
Askorin tinha uma voz lenta, que lembrava muito a de um político. Roik fez uma reverência, e como era filho do rei foi o primeiro a falar.
"Obrigado por nos receber, Askorin. Meu pai,  Joivir, apenas deseja selar a nossa aliança com o vosso reino por meio de um tratado. Pagamos bem o tributo para o seu reinado, mas houve noticias dos do norte dizendo que o desejo de Askorin era governar todo o Mundo-médio, e que iria impor um reinado de morte e destruição a todos os povos do mundo".
"Quem disse tal absurdo?", gritou Askorin, e sua boca se transformou em uma língua de serpente. "Eu não desejo governar apenas o Mundo-médio. Eu quero todas as regiões: o norte dos gigantes, o sul dos homens, o leste dos centauros e o oeste dos duendes. Acham pouco?"







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