Infância
Ali nasci,
Não me lembro quando,
Nem dia, nem nome,
Não vi sol, nem lua,
Não vi estrela, nem tive sonhos,
Ali nasci,
E era nuvem, fumaça, e era
Nada menos nada mais
Que o amor puro como o fogo.
Ali nasci,
E então estive em muitas ruas,
E em muitos olhos pousei como
Um pássaro azulado,
Escorrei pelos ares, subi até as
Alturas.
E não me quiseram,
E não me prenderam,
E não me tiveram,
E ali nasci.
Fui semente, germinei,
Virei árvore, frutifiquei,
E as pedras sorriam,
A maça caiu,
O dia se tornou noite,
A noite se tornou dia.
O vento passou como
Uma silhueta de estrelas.
Dia após dia
O céu azulado se aquietou.
O galo cantou uma vez só.
Perdão e lágrimas acompanharam
Muitas gentes que não sabiam para
Onde ir (e a cachoeira estava em silêncio).
E ali nasci,
E disseram: destino.
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