segunda-feira, 5 de maio de 2014

VISITA

Chegou a morte um dia. Apertou a companhoa, e deixei-a entrar. Sentou-se no sofá de cor azul. Eu sentei do outro lado. 
Fique olhando pra ela. Ela abaixou a cabeça, coitada, de tanta vergonha, eu acho. 
Chegou minha hora? perguntei sem hesitar. 
Chegou. Sinto muito. 
Tudo bem. Isso não é nenhum problema sério.
Ela me olhou. Não vi nenhum par de olhos no escuro do capuz.
 Cadê sua foice? 
E eu lá ando de foice, rapaz.
Desculpa, não quis te ofender.
Pois já me ofendeu.
Aceita um chá?
Chá? Tenho cara de chinês?
Não... Você me parece vir lá do Equador.
Puxa. Eu dou tanta pinta assim?
Pouquinha... Pouquinha...
Não aceito chá, mais poderia me sorver de um café?
Com leite?
Só de búfalo.
Puxa. Onde vou pegar isso.
Vêm comigo. Eu te mostro.
E fomos. E eu nunca mais voltei pra minha casa...

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