Sentado a beira de um sonho, cavalgando com certo desprezo pelo mundo.
Dizendo alguns sentimentos (sim, os sentimentos devem ser ditos
como borboletas prontas a pegar fogo ou bucetinhas a se estampar em
revistas masculinas esquecidas em rodoviárias silenciosas). A beira
de um sonho, estando a sonhar com a morte dos sete poetas do fim
do mundo. A beira de um sonho: vejo-a entrar com seus cabelos
negros, atravessando países e rostos, atravessando beijos e ausências.
Ela passando, no sonho, como uma verdadeira lua em pleno céu, a deslizar como um meteoro. TUM-TUM-BRUM. Um barulho magnífico nos faz levantar (ainda
estamos a sonhar) abrimos os olhos (ainda estamos a sonhar) sentamos um do lado do outro (ainda estamos a sonhar) levantamos nossos rostos espantados (ainda estamos a sonhar) nos dizemos coisas lindíssimas (ainda estamos a sonhar) estamos a nos xingar, porque temos medo da verdade, temos medo do amor, temos medo do frio, temos medo da tortura, temos medo dos cachorros, temos medo dos canibais, temos medo dos insanos delírios de um sonho... Temos medo de nós mesmos, mais eu te amo. Mesmo a beira de um sonho, sim minha bela, eu te amo da maneira mais hipócrita, mentirosa, suja, estúpida que um poeta consegue. Te amo em tempestades bruptas de socos e tabefes, que são a mais perfeita e plena forma da sensibilidade de amor... Cavalga comigo sem rumo... aqui estamos... e estamos todos mortos...
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