domingo, 7 de julho de 2013

Gabriela

Tinha dezassete anos, um certo olhar de malícia e um jeito de encantar os homens sem inteligência. Além disso, era uma mulher sem dono.
Transtornada passava os dias escrevendo, buscando um pingo
de felicidade nos poucos sorrisos que podia ter entre o nada e
a solidão. Não trabalhava, ou o seu trabalho era apenas sofrer
(Mais isso não conta aliás escrito nos livros dos desejos sexuais dos
jovens masturbadores). Uma jovem, uma linda ninfetinha, mesmo
que essa palavra arrepie os ossos dos pobres moribundos assassinados
como vagabundos no meio de uma colina de sombras e árvores gigantes.
Porém ela tinha um nome lindo: Gabriela. Não é difícil de esquecer um nome
desses,
assim como não é fácil lembrar o nome do criador do comunismo. Ah, eu sei quem criou o comunismo: foi Deus. Eu me calo. Por favor, temo o inferno como temo os sadomasoquistas. Mais eu vou levanto. Gabriela perdeu um filho, isso pois o jovem namorado a abandonou por uma belíssima travesti. Eu posso estar um pouco estereotipando as coisas, ou os gritos que ouvi Gabriela xingar em seu quarto:
desgraçado
maldito
cafajeste.
Eram de arrependimento, imagino... É que eu sou proibido de imaginar tudo, eu mesmo tenho que me sentir um pouco dentro de uma caixa de papelão antes de tomar o meu café "Brésil". Eu passo. Não, ela não pode passar porque ela está morta. É bíblico: os mortos não podem falar. Eles se perderam, assim como a beleza de Gabriela. E as sombras que nos assustam um dia vão passar. A morte me prometeu isso. E eu mesmo sei que ela não tem poder algum...

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