Rota pomba do amor, voas ferida,
no rasgo da noite, estanque e tão fria;
trazes no bico a morte envelhecida,
que cai, inesperada, em pleno dia.
No vazio concreto a alma é erguida,
entre muros de fogo que a vigia;
cada cinza que sobra é repartida,
cada sombra que nasce é poesia.
Teu voo soluça o peso do adeus,
e a luz se quebra em ecos sobre os céus,
como um nome que ninguém mais escuta.
Mas ainda insistes: teu rumor agudo
rompe o silêncio duro deste mundo
e o amor, mesmo morto, volta e luta.
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