domingo, 16 de novembro de 2025

A NOITE


Vem até mim,

manhã —

menina sem gênero,

fissura de luz no pó do mundo.


Roça teu calor de bomba

na pele que ainda treme

do nome não dito.


Olha o leopardo:

ele respira na altura do silêncio,

listras partidas

como versos queimados.


E gere beijos —

duros, minerais,

beijos que se escondem

no âmbar do tempo.


Noite:

abre teu olho único

e aprende comigo

a morrer devagar.




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