segunda-feira, 17 de novembro de 2025

chega de putarias

concretismo:

a pedra pensa,

a palavra pesa,

o mundo é um bloco de ar respirado.


televisão:

um olho quadrado

que nos sonha de volta,

pixeis como pequenos oráculos cansados.


sexo anal, sexo bucetal:

corpos que se procuram

para lembrar que ainda existem,

choque de pele contra o vazio,

ritmos onde a carne aprende a ser verbo.


qualquer coisa:

porque o universo é isso —

uma frase interrompida

que finge sentido quando a olhamos de frente.


cubismo, pintura abstrata:

desmontar o rosto para ver o que resta,

acender o invisível,

rasgar o contorno até o centro respirar.


milagres, religião cristã, jesus:

uma ferida luminosa,

um homem que virou silêncio

para que o silêncio virasse caminho.


poesia:

este rumor que nos parte

e nos recompõe

no intervalo entre duas sílabas.


e depois —

esperar o fim nuclear:

não como quem teme,

mas como quem entende

que toda explosão é também um nascimento

ao contrário.


no fim,

o que chamamos mundo

é apenas isso:

um corpo procurando outro corpo

enquanto a eternidade

acende e apaga

seus fósforos invisíveis.


Nenhum comentário:

Postar um comentário