o que escrevi
desfaz-se no ar —
linha sem destino,
areia que perde o próprio vento.
este labirinto,
feito de sombras que acreditam ser pedras,
respira em mim
como um eco que se esqueceu de voltar.
vamos:
tudo o que brilhou
vira pó de gesto,
cisco de voz,
nó que já não prende.
jogue no lixo dos burgueses
meus restos de metáfora,
meus ossos de tinta,
minhas ruas de silêncio.
que ardam —
pois apenas o fogo entende
que nada pertence a ninguém.
e no centro vazio,
onde a palavra se escuta a si mesma,
nasce outra escrita:
aquela que não cabe em página alguma,
mas pulsa, invisível,
no instante que se abre
entre um sopro e o nada.
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