O mar abre suas portas de sal e de vento,
nele navegam palavras antigas
como barcos de sombra e claridade.
As ondas trazem o rumor da eternidade,
mas também o murmúrio dos homens
que buscam justiça entre rochedos.
Eis então Saramago,
levantando do fundo a sua voz,
um farol aceso sobre a noite humana.
Ele escreve como quem atravessa correntes,
como quem segura o leme
entre a fúria das marés e o silêncio das estrelas.
Seus livros são ilhas,
onde o homem se vê ao espelho,
nu e frágil,
mas também carregado de perguntas
que brilham como peixes sob a água.
Alegoria é o próprio oceano:
infinitas leituras,
infinitas rotas,
uma bússola partida
apontando sempre para dentro.
E Saramago caminha sobre a areia,
com passos lentos,
como se cada palavra
fosse concha recolhida
da memória do mundo.
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