Sou muitos, sou ninguém.
O mar conhece-me,
quando me sento à sua beira
e deixo que a sua respiração
entre na minha.
Sou a concha que guarda ecos antigos,
sou o barco que parte sem destino,
sou o sal que corrói as pedras,
sou o silêncio que a onda leva.
Na solidão encontro o vasto:
um horizonte que não exige,
um espaço que não pergunta,
um infinito que me acolhe.
A cada vaga,
sou um rosto que se apaga,
sou um nome que se dispersa,
sou um corpo sem fronteira.
E no fundo do oceano,
onde tudo é sombra e transparência,
há uma claridade que me chama:
a verdade de ser só
e ainda assim inteira.
Sou muitos, sou ninguém.
Mas o mar repete-me
na sua linguagem sem palavras,
e nesse canto sem dono
eu descubro a casa do mundo.
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