teu sorriso é um ipê-amarelo
abrindo-se na manhã depois da chuva,
e eu, como um rio preguiçoso,
me curvo para refletir teu rosto.
teu corpo é a estrada vermelha
onde correm os ventos do cerrado,
e minhas mãos são caminhantes
que aprendem a geografia da tua pele.
tua voz —
ah, tua voz é o canto das araras
atravessando o céu azul de agosto,
um som tão livre
que até o silêncio se deita para ouvir.
quando caminhas,
as ondas do litoral nordestino
seguem teus pés,
e até as conchas se abrem
para deixar passar o sal do teu perfume.
teus olhos guardam
o verde secreto das matas de mangue,
onde o sol se esconde
apenas para brincar contigo.
e eu, simples homem,
te escrevo como quem planta
um jardim no peito:
sabendo que cada verso
pode florescer,
ou morrer de saudade,
dependendo do teu olhar.
se um dia fores
embora,
levarei comigo teu rastro
como o vento leva o cheiro
das frutas maduras no mercado —
uma melodia invisível,
mas para sempre brasileira.
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