Nuvem ou outra coisa —
não sei ao certo,
mas o céu se esgarça em silêncio,
e a vida, essa mão trêmula, escapa.
Somos folhas soltas no vento frio,
que carrega promessas feitas em vão,
palavras duras como pedra lançada
no lago que nunca se move.
Política —
um jogo de sombras e sussurros,
fantasmas que se arrastam,
tecendo fios invisíveis ao nosso redor,
mas que nada apagam do fogo interior.
Antes que o crepúsculo nos venha buscar,
antes que o corpo, cansado, se dobre,
procuro a luz que não se explica,
o nome que a boca não ousa dizer.
Deus —
esse segredo do silêncio,
a mão que talvez segure a minha,
quando a última folha cair,
quando o rio se recolher no mar.
Nuvem ou outra coisa —
no fim, somos tudo e nada,
mas ainda temos tempo para olhar para cima,
para um céu que espera, paciente,
o nosso suspiro final.
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