terça-feira, 22 de julho de 2025

A Velha Espanha

 

para Lorca, el poeta de Andaluzia

Vi a Velha Espanha em sonho de poeira,
onde o sol não aquece, apenas queima,
e o vento sussurra em língua guerreira
nomes perdidos que ninguém mais rema.

No pátio sombrio de uma torre mourisca,
um touro morria como um rei sem trono,
e uma cigana, com voz ferida e mística,
cantava segredos que pesavam como o sono.

As catedrais, erguidas em febre e medo,
guardavam santos com olhos gastos de pranto,
e os monges velhos, em passo sem enredo,
tinham nos lábios um Deus feito de espanto.

Mas mesmo entre ruínas e sangue encerrado,
dançava a alma — lenta, e em silêncio alado.

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