terça-feira, 16 de novembro de 2021

Meu cavalo

 Meu cavalo, meu cavalo,

É um tesouro montado.
Meu cavalo, meu cavalo,
Só faltava ser alado.

Meu cavalo, tão bonito,
Está seco, só o osso.
Mas tirando tudo isso
Meu cavalo é um tesouro.

Só posso dizer vexado
Que meu cavalo defeca:
Níquel, prata, cobre e ouro.

(poema de Matheus Schabino, Poeta da Paraíba)

Teatro

 Teatro

Nesse palco, nesse círculo, Na luz do Teatro onde existo, Tudo pode acontecer: Drama, Comédia, choro e riso. Insisto. O amor brota da arte, A rima brota do poeta. O Sonho é esperançoso. Galopa o Riso e o Choro.

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

O sonho

 

Na vasta escuridão de murmurante sonhos

Vislumbro a figura solitária de um Rei.

Sua coroa é de ferro, e de ouro seu cetro.

Sua barba, outrora ruiva, branca reluzente,

Lembra as nuvens que brilham no céu.



O trono onde se assenta tem um símbolo:

Duas aves que se tocam ao contrário.

Meus olhos querem chorar ao vê-lo,

Pois sei que vou esquecê-lo quando acordar.



Será que no imenso constelar de planetas

Tal Rei enigmático também sonha comigo?

Assim como sonhou um poeta em ser

Uma borboleta?



E ao ver minha figura refletida no fogo

De seus sonhos de ferro e mandamentos,

Ao despertar tal Rei pergunta sincero:

Por que sonhei com tal mancebo?

 

Sinfônico

 

1

Outra cena, beleza e terrível,

Tenho para deixar escrita aqui: O rosto de mulher no corpo de leão. Fruto do amor, da paz, da compaixão. Chama o meu nome esse tão belo Estorninho roxo. A lua fendida pela Tristeza das árvores deixa o vento Soprar, soprar, como se fosse voar.


2
Ao se afastar determinei o canto.
Janelas, favos de mel, prantos. O Amor seguiu seus passos, de certo. Não se vai, fica, a melodia é essa. Não posso deixar nunca De ser um tão romântico Poeta!

A revelação está próxima

Observe comigo aquela ruína[1],

Entrevejo o Céu e a Terra, unida.

Vejo sonhos e símbolos

E não me arrependo: eis-me feito.



O pássaro que voa e volta a ser cinza[2];

Amanheceu gelada neve e nas tetas

De uma vaca[3] lambendo o bloco de sal,

Que gigante ousa ser tão imortal?



Olha comigo, é o mesmo fim de antes[4].

Por que suspiram tantos os que

Não estão indo adiante?

Aquele sátiro sou eu, vacilante?[5]



Ornitólogo, olha comigo essa ilustração:

É Odin, barbudo e com uma coroa de prata[6],

Segurando uma lança na mão.

Que pássaros belos, de bicos encurvados,

Acompanham a figura, no ombro apoiados[7].



Mestre, não ardia o meu coração de ferro

Quando me explicava tu as Sagradas Escrituras?[8]

A mim tudo virou mistério,

E mesmo que eu continue com esse olhar sério,

Da ruína nasce um novo Templo[9].

 



[1] O poeta aqui vislumbra uma cena do livro bíblico de Apocalipse.

[2] A citação a ave Fênix sugere a ideia de que toda a Arte Poética é feita e desfeita, e volta a surgir conforme as épocas dos anos. Pois a Fênix é uma ave que retorna da cinza. Tem também um significado de que no Final dos Tempos haverá a ressurreição dos mortos.

[3] Essa vaca faz referencia a mitologia nórdica, onde a vaca primitiva  Auðumbla lambendo as pedras de geada salgada fez surgir Buri, que deu origem aos outros deuses de tal mitologia.

[4] O poeta aqui em fina ironia faz dizer que todas as culturas têm o seu próprio fim do mundo. E dessa, sua origem Judaica e seu fervor Cristão, sempre anunciou o fim dos tempos.

[5] Ao se comparar a um sátiro, o poeta afirma que a velhice natural ao homens é algo que não deixa muitos prosseguirem os seus sonhos.

[6] Odin, é o deus mais respeitado da mitologia nórdica. Geralmente ele é retratado como o rei dos deuses, e associado a sabedoria, a cura, e a morte.

[7] O poeta está observando uma ilustração de Odin, do ano de 1850.

[8] Novamente, citando a Bíblia, o poeta descreve a cena dos Discípulos de Emaús (Livro de São Lucas, 24-13).

 [9] O fim do mundo não é marcado apenas por destruição e sofrimento, e sim, renascimento Espiritual, e beleza arquitetônica, representada pelo Templo.


Cruza o meu caminho

 Vêm, cruza o meu caminho,

Faz meu corpo, esse ferro, Sentir-se de novo passarinho. Voar imenso, voar em paz, Vêm, cruza o meu caminho. Que a sua voz de mel me Faça levantar até o alto-Céu. Vêm, cruza o meu caminho, Para que eu possa amar tranquilo.

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

até o fim

 até o fim dos dias...

até o fim.

Só lendo os poetas árabes

 Só lendo os poetas árabes,

ascetas, religiosos, é que consigo entender o sentido da vida.

A vida é breve.

 A vida é breve.

O amor é infinito

Fiz um verso para você

 Fiz um verso para você

e eu o esqueci em cima da areia. O mar o apagou. Ciúmes das águas salgadas por ter minhas palavras em suas próprias linhas...

Se faço poemas curtos

 Se faço poemas curtos

não é porque tenho medo de ser extenso... É que não consigo contar nem calcular (SÓ DEUS É O PERFEITO!) as águas do mar com os olhos da balança do coração.

Deixai

 Deixai que o coração diga

o que os lábios não disseram...

terça-feira, 2 de novembro de 2021

é possível?

    É possível escrever com alguém as suas costas? É impossível. É como ter uma sombra me agonizando o tempo todo. Não posso. Sou o poeta do minucioso. Não quero ser visto, não quero que ninguém me veja escrevendo. Preciso respirar a solidão para compor multidões de alegrias. Você, que me entende, saberá que quando componho uma rosa ou uma mariposa, tenho nas mãos o fruto do bem e do mal de nossos primeiros pais, Adão e Eva. E isso não é um dilema. É uma necessidade. Por isso escrevo versos, e poderia fazer isso com a graça de Deus até o fim dos meus dias, ou até a necessidade aguda do infinito.

Olhem, vejam bem, eu não gosto muito de me estender em assuntos do qual não sei nada. Por isso a minha prosa é melancólica como um caracol sem casa. Quando começo a galopar nas ondas da escrita, tudo e nada podem ser lidos nas minhas palavras. Isso é um mistério que tenho com a natureza e com o vento.Por isso, se duvidam de mim como um homem, que saibam que sou um sátiro, um fauno alegre, e não vejo a hora de começar o chá.

Quem não ama

 Quem não ama nunca conseguirá me entender.


Eu só falo a linguagem do amor!

Às vezes sou um poeta

 Às vezes sou um poeta,

confesso. Com erros, dúvidas, tristezas. Canto qualquer coisa: uma aranha triste, uma casa abandonada, um amor esquecido. Se ninguém me lê não me importo. Só quero saber as horas dos sonhos e dos amores eternos.

O seu amor

 O seu amor é como um punhal

Que me fere, me arde, me dói. Me enche de amor astral Esse amor vivo que me rói.

Tudo na vida

 Tudo na vida é um mistério.

E a vida é o mistério de tudo.