Aprendi a deixar mudo
o meu coração.
Por causa dos sonhos,
dos peixes, dos touros.
Não foi emoção?
Aprendi a deixar mudo
o meu coração.
Removi o vento, a chuva,
as teias das aranhas,
o raio da manhã nos meus
olhos negros de lua.
Não foi emoção?
Aprendi a deixar mudo
o meu coração.
Sai caminhando, levando
em minhas mãos o fogo
Poético, o ar de Pan,
o terno fauno da floresta,
a ternura do meu coração
se intimidou e vi a maldade
do mundo, dos mundos.
Aprendi a deixar mudo
o meu coração.
Não foi emoção?
Subi no ônibus cansado,
vi nos olhos de fogo nadas, ouvi ouvidos silenciosos, não fui ninguém.
Aprendi a deixar mudo
o meu coração.
Cada manhã se tornou
uma pequena teia de aranha.
Não pude mais ouvir o violino,
nem o piano, nem mesmo suspirar
diante da janela pela cauda
do bode que passa na rua.
Aprendi a deixar mudo
o meu coração.
Não foi emoção?
E levaram pelo caminho minha
voz de grilo, meus sonhos de duende,
meus desejos antigos irrealizados.
Não foi emoção?
Aprendi a deixar mudo
(cantando, chorando, sangrando)
o meu coração.
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