terça-feira, 18 de novembro de 2025

AS RUÍNAS DE JERUSALÉM ME TOMBOU O AMOR



A universalidade da visão

ergueu-se diante de mim

como um anjo cansado,

varrendo das mãos

todas as preocupações menores

da literatura contemporânea —

palavras-pedras

que já não sabiam chorar.


A Melancolia da Resistência

sentou-se ao meu lado,

envolvendo-me com o frio

das cidades destruídas.

E sobre minha cabeça

caiu o eco de um mapa antigo:

uma montanha ao norte,

um lago ao sul,

trilhas a oeste,

um rio a leste —

como se o mundo inteiro

couvesse num corpo que desaba.


Trabalho preparatório para um palácio,

diziam as vozes

entre as frestas das ruínas.

Mas eu só via

o pó do que nunca existiu,

e o silêncio dos que amaram demais

para sobreviver.


Foi então que compreendi:

as ruínas de Jerusalém

me tombou o amor.

E no meio das pedras partidas

escutei um sussurro —

uma ferida que respirava,

uma promessa que não tinha nome,

uma chama que insistia em olhar para o céu

mesmo depois da queda.


Ali, onde tudo terminou,

começou o meu coração.


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