A universalidade da visão
ergueu-se diante de mim
como um anjo cansado,
varrendo das mãos
todas as preocupações menores
da literatura contemporânea —
palavras-pedras
que já não sabiam chorar.
A Melancolia da Resistência
sentou-se ao meu lado,
envolvendo-me com o frio
das cidades destruídas.
E sobre minha cabeça
caiu o eco de um mapa antigo:
uma montanha ao norte,
um lago ao sul,
trilhas a oeste,
um rio a leste —
como se o mundo inteiro
couvesse num corpo que desaba.
Trabalho preparatório para um palácio,
diziam as vozes
entre as frestas das ruínas.
Mas eu só via
o pó do que nunca existiu,
e o silêncio dos que amaram demais
para sobreviver.
Foi então que compreendi:
as ruínas de Jerusalém
me tombou o amor.
E no meio das pedras partidas
escutei um sussurro —
uma ferida que respirava,
uma promessa que não tinha nome,
uma chama que insistia em olhar para o céu
mesmo depois da queda.
Ali, onde tudo terminou,
começou o meu coração.
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