terça-feira, 28 de outubro de 2025

O Trapo do Coração

poema existencialista


Não tenho nada mais pra dizer.

O trapo do coração morreu —

afogado em si mesmo,

num mar que não existe.


Sou apenas uma bomba sem lógica,

viva,

osso,

eco do que um dia foi canto.


A alma quis ser águia,

mas restou pena suja no chão.

O tempo, esse velho ferreiro,

bateu demais no ferro da esperança.


Agora sou ruína —

um altar vazio

onde nenhum deus quer dormir.


E ainda assim,

há um sussurro,

um lampejo,

um resto de chama

que insiste em me chamar de homem.


Mas o coração?

Ah, esse trapo —

já se foi.

E o que resta pulsa,

não por amor,

mas por costume.



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