Na hedionda oficina onde o limo pulsa,
a Natureza vil, de ventre imundo,
engendra larvas, germes, pútrido mundo
que em si fermenta a podridão convulsa.
Não há piedade em seu instinto obscuro:
quer só lançar sementes, procriar, parir,
cuspir na face do que ousa existir,
rindo do sonho débil do futuro.
Cruel é seu método, fria sua lei,
nela o sentido apodrece no nascedouro;
e o homem, verme iludido em seu ouro,
não passa de pasto que ela semeou.
Ó vida! este artifício inconsequente,
máquina suja que se autoimola,
um ciclo vil de gozo e escarola
onde até a esperança é só semente.
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