quinta-feira, 2 de outubro de 2025

A NATUREZA VIL

 Na hedionda oficina onde o limo pulsa,

a Natureza vil, de ventre imundo,

engendra larvas, germes, pútrido mundo

que em si fermenta a podridão convulsa.


Não há piedade em seu instinto obscuro:

quer só lançar sementes, procriar, parir,

cuspir na face do que ousa existir,

rindo do sonho débil do futuro.


Cruel é seu método, fria sua lei,

nela o sentido apodrece no nascedouro;

e o homem, verme iludido em seu ouro,

não passa de pasto que ela semeou.


Ó vida! este artifício inconsequente,

máquina suja que se autoimola,

um ciclo vil de gozo e escarola

onde até a esperança é só semente.


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