quinta-feira, 2 de outubro de 2025

A feiticeira

para c.s. lewis


Ó sombra rubra, ó bruxa em vermelho,

cujo manto é tecido com sangue e brumas,

teus olhos são luas de ferrugem,

e quem ousa fitá-los torna-se pedra —

colunas frias num templo profano.


Ela sussurra como vento nos ossos,

planeja tronos e coroas partidas,

quer subjugar os homens com um gesto,

escravizar-lhes o sopro e o destino,

pintar de púrpura os muros do mundo.


Mas veio o menino chamado Hésperus,

não com coroas, mas com alvoradas nos olhos.

Em suas mãos uma espada lamejante,

forjada em ouro como sol encarnado,

um raio sólido de aurora celeste.


Quando a feiticeira ergueu-se em risos,

cercada de estátuas — súditos petrificados,

Hésperus rompeu as trevas do feitiço:

o fogo cortou o véu de carmesim,

e o coração da bruxa foi silêncio e cinzas.


Então os homens despertaram do mármore,

as colunas quebraram em pó leve,

e do peito do menino ardia uma estrela,

como se o céu inteiro tivesse jurado:

nenhuma sombra é eterna.


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