Cai sobre mim o silêncio dos astros,
um pó de ossos queimados
desce da noite como neve negra.
A terra range em seu sono,
abre crateras de saliva e cinza,
e dentro delas escuto o riso do nada.
Os homens caminham
com olhos de vidro,
levando seus corações partidos
como tigelas vazias.
Não há pão,
apenas a lembrança do trigo
que se afogou nos rios envenenados.
O céu é uma ferida
que sangra nuvens de enxofre,
e as aves caem em espirais lentas,
asas quebradas pelo vento imundo.
Tudo clama por um nome secreto,
uma palavra capaz de deter a ruína,
mas a boca do mundo está selada
com ferro e medo.
E eu, nesta noite,
sou apenas um eco:
um cântico místico que se perde
nas catacumbas do apocalipse,
onde o homem reza à própria sombra
e o silêncio responde com trovões.
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