quarta-feira, 6 de agosto de 2025

JADE


Teu nome é cor e pedra.

Teu corpo — geografia que sangra perfume.

Morena:

tua pele é barro da Andaluzia,

terra quente onde o touro ajoelha.


Teus seios —

duas luas cheias que não cabem no céu,

duas maçãs que mordem os olhos,

duas palavras que não sei dizer

sem tremer a língua.


Jade,

caminhas como se a gravidade te beijasse os calcanhares.

Em tua sombra há um jardim,

um espelho quebrado

onde me vejo, sempre outro.


Teu riso?

Tesoura de ouro que corta o tédio.

Teus olhos?

Pássaros com asas de azeviche

que pousam no meu peito e fazem ninho.


Estou apaixonado por ti

como o pincel pela tela virgem,

como o vinho pelo cálice trincado.

Te amo em retângulos azuis,

em quadrados vermelhos,

em linhas que dançam bêbadas.


Tu és cubismo do meu desejo,

dama de mil ângulos,

clarão em mil perspectivas.


Teu corpo é um poema sem pontuação.

E eu —

apenas a tinta que escorre do contorno dos teus quadris.


Te amo,

e é inútil esconder.

Porque até minha sombra diz teu nome

quando me deito.


JADE.

Grito mudo no fundo da boca.

Faca no pão do meu peito.

Chave da porta que nunca se fecha.



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