domingo, 24 de agosto de 2025

Eu esqueci


eu esqueci os nomes

dos que morreram antes de mim

os aniversários, as datas,

as velas sopradas em mesas baratas


esqueci os beijos

que um dia achei eternos

esqueci as mãos

que juraram nunca soltar as minhas


esqueci até os rostos

que um tempo inventei chamar de amor


a velhice não pede licença:

chega com sapatos gastos

e um silêncio pesado

na sala da memória


o amor?

foi só barulho de juventude

fogo de palha aceso por engano

não sinto falta

não sinto nada


eu esqueci —

e no fundo,

não quero lembrar



Nenhum comentário:

Postar um comentário