Na vastidão da floresta Eldarion, onde a luz do sol filtrava-se entre as folhas, criando um mosaico de sombras e brilhos, havia uma vez dois irmãos elfos, Labior e Dougon.
Unidos pelo sangue e pela amizade, eles eram conhecidos por sua bondade e bravura, mas também por uma tristeza que lhes acompanhava como uma sombra.
O mundo ao seu redor havia mudado. Morgre, o Senhor dos Escuros, despertara de seu longo sono nas profundezas da terra. Seu poder maligno se espalhava como uma praga, obscurecendo o brilho das estrelas e fazendo com que a esperança esmorecesse nos corações dos mais valentes. Os elfos sentiam o peso dessa escuridão, e a dor do que poderia ser perdido tornava-se insuportável. Labior, o mais velho, possuía uma sabedoria que transcendia suas poucas primaveras. Seus olhos refletiam a beleza da floresta, mas agora estavam nublados por uma preocupação constante. Dougon, seu irmão mais novo, era um espírito livre, sempre sorrindo mesmo nos momentos mais sombrios. Contudo, à medida que Morgre avançava, até o sorriso de Dougon começou a desvanecer, dando lugar a um semblante de seriedade que seu irmão nunca tinha visto. Uma noite, diante da antiga árvore dos ancestrais, Labior e Dougon tomaram uma decisão difícil. Eles sabiam que precisavam lutar contra Morgre, mesmo que isso significasse sacrificar suas vidas. A dor de deixar sua família e amigos para trás apertou seus corações, mas o temor de ver seu povo ser consumido pela escuridão era ainda maior.
Com um silêncio pesado, os irmãos se despediram da floresta que os viu crescer e dos sonhos que haviam cultivado. As lágrimas escorriam pelo rosto de Dougon enquanto ele acariciava a casca rugosa da árvore milenar, sussurrando promessas de retorno que pareciam mais um eco de sua própria tristeza. A jornada até o castelo de Morgre foi longa e repleta de perigos. Cada passo que davam em direção ao desconhecido era acompanhado por lembranças de sua infância, risos e jogos sob a luz do sol. Agora, aquele mesmo sol parecia distante, como se, em algum lugar, ele também lamentasse a partida dos irmãos.Finalmente, diante da fortaleza sombria, Labior e Dougon enfrentaram o Senhor dos Escuros. A batalha que se seguiu foi feroz e repleta de dor. Com cada golpe trocado, a tristeza em seus corações crescia, alimentando sua determinação. Mas a força de Morgre era imensa, e a batalha parecia interminável. E, no auge do confronto, um grito cortante ecoou na escuridão: Dougon, em um ato de coragem e desespero, lançou-se sobre Morgre para proteger seu irmão. O impacto foi devastador, e Labior sentiu a vida de seu irmão se esvair como a luz de uma vela prestes a se apagar.
O grito agudo de Labior ecoou pela floresta enquanto ele caía de joelhos, a dor tão intensa que parecia cortar sua alma. Nos braços de seu irmão, a vida se esvaía, e a tristeza o sufocava. Ele prometeu vingar Dougon, mas no fundo de seu coração, sabia que nada poderia preencher o vazio deixado pela perda.Assim, em meio à tristeza e ao luto, Labior ergueu-se, determinado a continuar a luta, não apenas contra Morgre, mas em homenagem ao amor que compartilhava com seu irmão. O legado deles não seria esquecido; a luz que Dougon trouxe ao mundo ainda brilhava, mesmo em meio às trevas. E assim, a história de Labior e Dougon se tornaria uma lenda, um lembrete do amor fraternal e do sacrifício em tempos de escuridão. O lamento por sua perda reverberaria através das gerações, mas também traria consolo a todos aqueles que ainda lutavam pela luz.
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