A menina estava sentada de frente da janela sem prestar atenção ao que a professora de matemática falava.
"Meu Deus", ela pensou. "Por que não passa um coelho correndo com um relógio na mão pra me tirar daqui?"
Enquanto estava imaginando essa cena, um enorme gigante de uns seis metros de altura passou do lado de fora.
—Com licença - disse o gigante para ela. - Você teria um lenço de papel para mim assoar o meu nariz?
— Me desculpe, senhor gigante - ela respondeu, um pouco envergonhada. - Eu não tenho nenhum lenço para te dar. Sinto muito...
_ Tudo bem - disse o gigante. - Vou ver se na Irlanda ou na Escócia eu encontro alguém com lenços. Acho que se eu pedisse guarda chuvas, vocês ingleses teriam de monte para me dar.
E ao terminar de dizer isso, o gigante se afastou, indo em direção da Irlanda.
"Que gigante mais rude", ela pensou. "Bem, meu pai já me disse que todo gigante é mau educado. Então, paciência..."
Ela deu um suspiro, e nesse suspiro foi como se a sua alma tivesse saído do seu corpo, assim como no dia em que sua tia, dona Júlia, ao estender roupas em um dia quente de verão em Londres, acabou sendo levada para o céu por vários anjos de fogo.
Não que ela considerasse Londres uma cidade sem graça. Claro que quando foi visitar o avô em Paris, ficou impressionada com a beleza da capital francesa.
Agora que estudava em Oxford tinha que passar o tempo ouvindo as explicações chatas dos professores.
Um certo dia na cidade de Londres, um vendedor de ovos provou que dentro de suas mercadorias pequenos kamis podiam ser encontrados.
Ela ficou fascinada com isso, e pediu ao pai para que comprasse um ovo para ela, já que ela gostaria muito de ver um deus sendo chocado bem na sua frente.
Infelizmente o seu pai não comprou o ovo. " Esses kamis dão muito trabalho", disse o seu pai. "É melhor evitarmos isso por enquanto".
Mas o seu melhor amigo, Harry, comprou um ovo escondido, e mostrou o kami que saiu de dentro para ela: era um kami em forma de coelho, que falava perfeitamente inglês e francês.
- Se você quer dar um nome para ele - disse Harry. - Fique a vontade para dar.
- Vamos chamá-lo de Coelho - ela disse.
E assim aquele kami em forma de coelho passou a ser chamado com o nome de Coelho.
Enquanto ela lembrava dessas coisas fazia esforço para não gargalhar dentro da classe.
"Realmente não é uma ideia muito boa", ela pensou. "Chamar um coelho de Coelho, causa muita confusão".
Quando o fim da aula chegou, uma luz forte e pulsante tomou conta de toda a sala, e na frente de todos os alunos da Universidade de Oxford, a professora de matemática se transmutou em um coelho.
Era um coelho branco, desses que se compram em lojas de estimação. Mas ao invés de usar apenas seu pelo fofinho, esse coelho usava um colete azul vermelho com vários bolsos.
E foi de lá que ele tirou um relógio de ouro muito bonito, que fazia um sim agudo e forte de tic-tac incessante.
—Vamos, Alice - disse o Coelho, apontando para a menina.
E ela se levantou, desaparecendo nos corredores junto com o coelho.
Fim.
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