segunda-feira, 15 de julho de 2019

Levem meu luto para o sarcófago / conto



Conto

  Eu não sei dizer se as pessoas infelizes são felizes. Meus pais viviam brigando; de vez em quando, uma panela voava na cabeça de meu querido pai. Depois, a noite, eu escutava  um lento "eu te amo, meu amor, me desculpe". Se isso era amor, eu pensava comigo mesmo quando ficava sonhando em escrever um romance, não quero experimenta-lo nem com trinta anos.
  Vim a experimentar esse tipo de amor com vinte anos de idade, eu já estava no mercado de trabalho. Eu me sentava na mesa de frente ao prédio do banco mais ladrão de todo o estado de São Paulo, e ficava escrevendo meus horrorosos poemas até ela aparecer para me buscar.
 Ela? Quem era ela? Leitor, sua curiosidade é esplêndida. Ao invés de estar lendo esse simplório descendente de judeus polonêses, você devia ir procurar a literatura russa. Mas vamos lá, vou te explicar quem era ela.
  Nós nos conhecemos na entrada do predinho onde eu vim a morar depois que a minha avó suspendeu a mesada da minha faculdade com o nobre pretexto de que "você já está formado, consiga dinheiro com seus esforços".
   A minha amada avozinha estava correta. Eu já tinha que tentar a produzir leite com a própria teta. Depois de ter me formado em contabilidade, virei um cretino usurário, capaz de arrancar dinheiro de qualquer mendingo no meio da rua. Me formei em engenharia, uma faculdade que pra mim de nada valeu, já que a natureza humana é incompreensível, e a maior parte do tempo eu estava preocupado em arrancar dinheiro das donzelas e dos reis do que ficar me matando trabalhando prós outros. Como aprendi com um colega na faculdade: quem tem tempo de trabalhar não tem tempo de ganhar dinheiro.
  Ela aparentava ser uma mocinha delicada. Puro engano, meu curioso leitor, puro engano. Ela parecia ser essas loiras industrializadas, tinha imensos peitões que faziam qualquer um abrir a boca e babar de tão enormes que eram. Seus seios realmente pareciam duas melancias. Me irritou quando minha irmã disse que ela se chamava Mulher melancia. Isso não podia ser verdade. Não porque me ofendesse, mas porque melancia é uma fruta da qual não se come sozinho.
Me apresentei a ela, e ela descobriu meu nome. Conversamos, já que ela morava um andar acima de onde meu apartamento ficava. 
 Ah leitor, como é difícil descrever as olhadas que tive de sua imensa bunda, pedindo que meu Deus querido me desse a chance de ver aquelas imensas nádegas abertas na minha cara, enterradas entre o meu imenso nariz adunco de coruja que herdei de meu avô e meu avô de seu pai. 
  E isso aconteceu por milagre. Não apenas por milagre, mas por dinheiro. Não é que a rapariga era uma prostituta?
Isso mesmo, a terrível meretriz, imputada em plenas condições de armar contra minha alma de judeu recém formado em literaturas de Freud, Spinoza, Maimônides, ali cai em garras da mulher bunduda, a mulher melancia, que eu desejava hipnotizado em comer sozinho. 
Sério, foi nesse período que vivi um luto. Chamo esse luto de o luto da carne. Porque ao ver seu imenso popozão passando por mim em direção da rua, meu pau suspirava.
Levem meu luto para o sarcófago, virou um provérbio que eu dizia ao meu descarado pau. Meu pauzao circuncidado era a única coisa que provava estar a mão sempre que eu precisava. E quantas vezes homenagiei aquela imensa bunda com as forças abismais da minha mão de masturbante. 
Ah leitor, resolvi a conversar com ela. Uma conversa rápida, desses tipos.

_ Oi...

_ Oi vizinho.

_ Tudo bem Andressa?

_ Mais ou menos. Estou terminando o curso de advocacia.

_ Você faz faculdade?

_ Claro. O que você achou que eu era? Algum tipo de meretriz?

  Engoli em seco ao ouvir tal coisa. Oy Vey, a moça era uma moça de direito. Convidei ela para jantar na minha casa, conversar sobre as coisas terríveis do mundo, a distância da sombra, as teorias comprovadas de Einstein. As pinturas de Chagall. 
  Senhoras e senhores odeio finais tristes. Devo confessar que meti gostoso naquela bunda. Na verdade eu sou um completo nacionalista. Só gosto de fuder cu de brasileira. Só como cu porque é um orifício fantástico. De lá poderíamos vir. Seríamos fezes, mais seríamos adubados. Imagino...
  Ali estava Andressa me esperando no horário certo em que eu deixava o trabalho, e levava os suspiros das secretarias e o ódio dos outros companheiros de infortúnio de moedor, ratos da exploração capitalista. Eu? Eu suspiro por Andressa. Graças a Deus pude comer seu cu e sua buceta. Não deixe de colocar na minha tumba a seguinte inscrição: levem o meu luto para o sarcófago.

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