sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Além

Além

Aqui onde o poente
Se perde no escuro.
Lá vai o sol dormindo
Nos olhos da lua.

Luar obscuro de 
Sonhos e medos.
Nuvens brancas
E escamas de peixes.

Perdi a luz 
Perdi o sono.
As estrelas
Valsam no céu.

Miragem de tudo.

Quem

Quem

...os homens são como as ondas, quando uma geração floresce, a outra declina...
Homero

Quem escreve poesia
como entra com os pés
numa casa de farinha,
sabe que esse trabalho
por decreto operário
trazendo angústia e
alegria, ao mesmo tempo
que acaba não nos deixa

nada que o vazio próprio
das palavras enlatadas.

Que quanto mais faz
esse quem quer ser alguém.

dormindo sem um teto


Um grito silencioso
 talvez angustia vidro
arame farpado noite.

Os livros


(breve peça)


-para harold pinter


Shakespeare McCartney: Quem pede então, a meia-noite me ponto, o véu da incompreensão serena? (aponta para o público) Tu? Tu? Ou tu?

Walt Zeidchutpah: Não me conformo com esse desprezo pela arte. Se fazem isso com os livros, o que não irão fazer com as pessoas?

Sheila Maven: Cale-se! Veja só o por-do-sol que Deus nos dá para ver.

Shakespeare McCartney: Respire, sinta a existência. O tédio de sua essência, o seu descontrole. Não consigo entender esses versos. São herméticos demais para a minha cabeça compreender.

Walt Zeidchutpah: Você deve aguçar o intelecto. E não os músculos. O que estão fazendo com os livros?

Sheila Maven: Não são livros. São pessoas!

Walt Zeidchutpaz: São pessoas...

Shakespeare McCartney: São pessoas... sim!





  

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

O café

O café

O café, para quem não sabe, contém muitas propriedades mágicas. E é benéfico para qualquer pessoa que o time, desde que não seja no último suspiro de vida.
  Na Rússia, é proibido tomar café, pelo simples fato de que o governo descobriu que cada gole de um cafézinho, faz com que os russos se tornem ursos polares que vão assolar Moscou.
 No Japão o café consegue afastar os mãos espíritos.
No Brasil, o café faz com que os homens vivam andando pelas ruas com o pau duro, assolando as nuvens que olham com pudor e ranço religioso para o fato acontecido.
Na China o café é o divertimento dos sábios com mais de mil anos.
Para quem ainda não sabe, o café, simples e objetivo assim, contém muitas propriedades mágicas.

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Não

Não

Não meus olhos de prata
Já não te vêem com suspiros.
E as nuvens são brancas
E os sonhos são de serenos.

Não meus olhos de prata
Não sonham com mares
Nem perguntam aos unicórnios
Sobre os preços dos armários.

Silêncio. Tumba. Silêncio.

Foge Kumo, a guerra chegou (conto)



    "Talvez tudo isso seja justificável", pensou Kumo, quando olhava as bombas transformando a cidade em cinzas.

 Os mortos descansam em paz, nada sabem que seus sucessores passam por aqui. Naquele dia o sol parecia forte, e senti que seu calor queimava minha nunca. Minha avó apanhou um chapéu de sua bolsa, e com todo carinho que tinha, colocou ele em minha cabeça.
  "Isso irá te proteger um pouco", ela me disse, sorrindo. Agradeci, e não me importei muito em retribuir o sorriso, estava fascinado com a beleza arquitetônica dos túmulos.
 Nós japoneses temos a fama de perfeccionistas aos olhos dos ocidentais,  mas creio que isso é um erro. Não somos perfeccionistas, somos habilidosos e concentrados. E esse é o motivo pelo qual, no começo, nos demos tão bem na guerra.
  A invasão na China foi muito criticada pelo meu avô. Meu pai era um nacionalista, defensor de qualquer assunto que enaltessese
e exaltasse o "grande Japão".
 Meu avô não era assim. 
Ele era mais centrado e espiritual, leitor de textos budistas, respeitava as culturas, sabia falar perfeitamente inglês, francês e chinês, sem nunca ter saído do Japão.
 "Essa guerra não irá acabar bem", dizia, "o que começa errado, acaba por terminar errado".
 "És um covarde, Kumo-san. Quem venceria o Grande Japão, se o nosso Imperador é invencível?"
  Nessas horas meu avô se calava, preferia comer sua comida quieto, a discutir com meu pai sobre assuntos de guerra. Ganhei meu nome, Kumo, em homenagem a ele.
  Ali estava o túmulo de meu pai. A seu lado, o túmulo de meu avô Kumo, recém adornado com palavras de lembranças saudosistas.  Depositamos fotos e objetos em cada um deles, e depois minha avó colocou um prato de arroz em cada um.
 "Os mortos não comem, vovó", pensei em dizer-lhe, quando reparei que chorava ela em silêncio. Eles devem descansar em silêncio, sem saberem o que seus sucessores fazem nesse lado da vida (será que os missionários cristãos que vi estarão certos em dizer que existe dois lados?).
 Meu pai foi convocado para a guerra. Nunca vi tanta alegria em seus olhos. Iria lutar pelo grande-Japão, e pela prosperidade da grande-Ásia.
 Minha mãe enlouqueceu, e sem motivos, desapareceu num dia de chuva.
-Kumo, você ficará conosco, até seu pai voltar. Me disse minha avó.
  Meu pai, e minha mãe, já não me reencontrariam. 
A entrada dos Estados Unidos na guerra, deixou meu avô mais preocupado. Seus cabelos negros, de uma hora pra outra, encaneceram. Podia-se ver em seus olhos a dor e a melancolia do sofrimento que sua nação passava.
-Aproveite seu tempo. -Ele me dizia. - você ainda é só um menino!
  Mas eu não podia aproveitar meu tempo. Tinha que trabalhar em fábricas de armamentos.
 O grande-Japão não pode perder.
   Meu avô foi morto por nacionalistas imperiais, por ter dito em uma conversa, que provável "é o Japão perder tudo, como castigo das invasões que praticára".
O corpo de meu pai chegou de Okinawa. Enterramos ele do lado do túmulo de meu avô.
 Em abril de 1942, o Japão foi bombardeado pela primeira vez. Muitos feridos, alguns mortos (e os mortos nada sabem...). Em 10 de março de 1945, foi o primeiro bombardeio que vi em minha vida.
 Nesse dia, tínhamos ido, vovó e eu, visitar os túmulos de meu avó, Kumo, um homem sensato, e o túmulo de meu pai, que talvez fosse um guerreiro samurai reencarnado.
 O cemitério fica no alto de uma colina, e é possível avistar Tókio inteira dali.

                        久茂 Kumo



  

Princesa Hachibee, e seu guarda-chuva mágico (conto)

   
       Nos confins do universo, perto do oceano jorrante da vida, existia um lindo castelo governado por uma linda princesa chamada Hachibee.

  Seus súditos incluíam muitas criaturas  mágicas como elfos, dragões gigantes e magos.
  
A princesa Hachibee era muito bonita, além de muito aventureira. 

Ela gostava de fazer mágicas, pois seu guarda-chuva foi um presente que ela ganhou de um mágico muito famoso naquele lugar (infelizmente não consigo me lembrar do nome dele).

 Além de fazer mágica, ela gostava de vir para o mundo dos humanos, pregar peças com seu guarda-chuva, isso porque com um aceno dele, ela podia fazer chover em qualquer lugar, e por isso ela levava os elfos mais travessos para o planeta terra, para se divertirem.

 Uma vez ela acenou tão forte com o guarda-chuva que a lua sumiu do céu.

 Outra vez, ela fez chover pingos de peixe, em vez de pingos de água. Isso por causa de um elfo travesso chamado... Travesso!

  Princesa Hachibee gostava de plantar árvores, e apanhar frutas. Sua fruta preferida era maça. Mas ela gostava muito de suco de laranja.

 Hachibee era muito amiga dos rios, e ficava aborrecida quando eles ficavam poluídos de lama e muita sujeira humana.

  Quando isso acontecia ela pegava seu guarda-chuva mágico e sacudindo ele fazia com que o calor se tornasse demais, assim os humanos corriam para limpar  os rios, e ela voltava então o clima como era antes.

  Hoje a princesa Hachibee não é tão vista no nosso planeta. Mas dizem que quem olha para o céu estrelado com um coração bom, ela é a estrela mais brilhante, e ela acena com seu guarda-chuva mágico, dando prosperidade para a pessoa que ama e respeita os rios e as florestas do planeta.

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

A morte do elfo

A morte do elfo

Lírios imensos já foi
Sua tumba de cimento.
Por dentro do mar
Seus olhos afogados
Já não cantam no ritmo
Das ondas supremas do
Vento a bailar.

Morreste serenamente
Entre a noite entrucada
De harpas e sonhos.
E a viola do coração humano
Foi o que te condicionou ao
Esquecimento sereno.

As Colinas Verdes estão
Avermelhadas pelo sangue.
Manchado de guerras adormecem
Os humanos sem sentimentos.
Nos muros das árvores gritam
Folhas despencadas
Que a vida não é boa
Nem alegre, nem sagrada.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Condado

Condado

Não há margens para o campo
Daqui das colinas que vejo
Com olhos mudos de sonhos.
Se existo ou não já não sei
Porquê essa questão não
Mais se impõe em minha alma
Coroada de ilusões e luzes infinitas.

Onde será que deixarei meus livros
Quando eu for morar numa tumba cheia
De vaga-lumes luminosos como
Os prédios tristes de São Paulo?
Irá comigo todo esse conhecimento
Ou irei ser novamente uma criança
Submersa na vasta ignorância
Da inocência perdida do paraíso
Que perdemos por causa de uma
Maçã (ou laranja).

Finalmente irão permitir que
Meu nome esteja escrito em
Uma placa, que não poderei
Ler, 

Lembrarei do mar
Como se fosse uma grande
Montanha de sal e lírios
E em cada onda valsada
Deixarei uma lágrima escapar
Apenas para recordar que vive
Plenamente quando te amei.

domingo, 11 de novembro de 2018

Eu quero

eu quero falar
do que já me esqueci
sombras ninhos ventos
estou na nudeza de tais
sentimentos

Voglio parlare
di quello che ho già dimenticato
ombre nidi si snoda
Sono nella nudità di tale
sentimenti

Folha Longe

folha longe carrega
a espada e o escudo
ao norte o dragão morto
a frente o sombrio mundo

Antigo


nasceu o mar no
horizonte obscuro
e o amor são o sol

hafið var fæddur í
dökk sjóndeildarhringur
og ástin er sólin

Poema medieval alemão

Gregório e sua barba
nos vales do mar vermelho
sentado em sua cadeira

escrevendo tristes versos.

Gregory und sein Bart
in den Tälern des Roten Meeres
auf seinem Stuhl sitzen
traurige Verse schreiben.

Tradução:
Gregório e sua barba
nos vales do mar vermelho
sentado em sua cadeira
escrevendo tristes versos.

sábado, 10 de novembro de 2018

os persas

Os persas

   Existe algo completamente fundamental na vida de uma família persa, que é a orientação primária de ser.  No entanto, ter acaba sendo a parte mais viva e essencial de nossas origens.
 Os persas são um povo muito antigo. Da minha família posso assegurar com amabilidade e certeza que meus primeiros ancestrais foram conselheiros de reis, e astrônomos, nas cortes míticas de toda a região babilônica.
   A religiosidade de meus pais foram a formação de um carácter que atravessou gerações, e formou nos milênios contemporâneos um método próprio de ser e se entender no mundo.
    Meu pai era violento algumas vezes quando bebia, pois algo aflorava de seu coração, talvez, algum ressentimento por causa do meu avô.   Quando não estava embriagado, era um homem culto, que me dizia que seu sonho era o de ter se tornado um médico.   Meu avô não permitiu, pois meu pai, como o primogênito, tinha que dirigir as lojas de propriedade dele.
    Minha mãe de certo modo educou nós cinco com amabilidade.
      Seus cabelos negros pareciam mais lindos quando escurecia, e meu pai, que era um persa don juanesco, vivia dizendo que as estrelas só brilhavam para tentarem imitar o brilho do amor que os cabelos dela emanavam.

segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Onde você vai?

Onde você vai?

-para onde você vai?
-eu já te disse pra onde tô indo.
-nao, não disse não.
-disse sim.
-podemos passar o dia inteiro discutindo isso, ou você simplesmente responde onde está indo, e encerra o assunto.
-nao vou responder, porque eu já disse pra você onde vou.
-voce vai na casa da julia, não é? aquela sirigaita...
-que julia o que. Sou um homem comprometido, fiel, casado.
-isso não é desculpa. homem apronta. Principalmente quando não dizem pra esposa aonde vão.
-eu já te disse aonde vou.
-nao disse não.

...ele para... olha pra ela... tira os sapatos, tira a camisa e senta no sofá...

-o que foi?
-já esqueci pra onde eu tava indo.

Fim

sábado, 3 de novembro de 2018

O Sertão

O Sertão é o lugar onde o Eterno e a Vida se cruzam. O Sertão é a encruzilhada da existência.