sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Poema nacional

Poema nacional

Dorinha na surubinha
Bolsinho pra presidente
Haddad é ferreiro turco
Marina faz detergente
Na venda do seu Manuel
Comprei três pratos quente

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Carta aos oprimidos

Carta aos oprimidos

-para w.b. yeats

Não se preocupe,
o mundo gira,

a maior montanha
desse mundo

um dia será
transformada

em cinza.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Quando você não está aqui



Eu não existo sem você companheira. Nem de dia nem de noite quando me deito, regressando aos seus braços serenos
de manteiga na luz dos teus seios de framboesa.
E hoje que não estás aqui dormindo comigo
sonho com sua voz de mariposa lisa.
E me lembro quando me aquecia em
tuas asas, e voava pelo céu escurecido
vendo os teus olhos de estrelas.
Por isso repito aos bosques, na luz
fria do vento invisível, ao mar do além:
eu não existo sem você meu bem...

Verdades



Meus sonhos
Dentro de teus sonhos
O que são?
Menos nada do que
Apenas singelos
Sonhos?
Triste sonho
Com você
Com suas mãos
A aliança no dedo
Meu coração.
Meus sonhos
Dentro de teus sonhos
O que são?

Dúvida do cotidiano simples



...
Eu que te amo
Sem saber como nem porquê
E me interrogo em silêncio:
porquê amo eu você?
...

Dia



Que o dia nós
Traz sonhos e alegrias
Que o dia igual a qualquer dia
Que quando sendo dia
Com sol a sol trabalho e suor
Comida 
Que o dia a dia nos
Traga a luz da esperança

Perdida...

sábado, 20 de outubro de 2018

Escrever

Escrever é respirar com palavras...

(Do livro "O amor perdido", de Naum Leao)

Hoje

Hoje

Hoje que o poeta
Não fiz mais nada
Os poetas dizem muito
E não fazem nada
E o povo faz o que
O poeta faz quando 
Diz que é assim que
Hoje o poeta é chama
De palavra em palavras.

Poena indizível

Poema indizível

Eu sei
Que nada que eu digo
Faz sentido
E também sei que
Tu e eu existimos.
Por isso quando
Falas algo que não
Faz nenhum sentido
Sei que nada o que dizes
Faz sentido para o
Infinito indizível.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

O pequeno Sr. Coelho

o pequeno Sr. Coelho

Numa toca bem bonita e quentinha vivia a muito tempo, vários anos na verdade, um lindo coelho chamado pelos outros animais de Sr. Coelho.

 Ele não era um coelho comum. Sr. Coelho usava óculos por que gostava muito de ler e escrever, era muito curioso e amigável com os outros animais.

Na verdade, o Sr. Coelho fora até presidente do Congresso Unido dos Coelhos, Raposas e Tatus.

Ele gostava de sair, passear pelo campo. Ele colocava sua cartola, que embora esteja fora de moda, para ele era muito elegante, e sua bengala que tinha castão de ouro.

Enquanto andava ele ia  conversando com os outros animais. Queria saber se o caramujo tinha sarado do sarampo. Perguntou ao pardal se a greve dos gaviões já tinha terminado, e se o senhor jacaré tinha voltado com a mala para o rio Amazonas.

Sr. Coelho tinha sido casado, antes de sua esposa, Lilian, morrer em um acidente de carro. Ele teve dois filhos muito lindos. O menino se chamava Samuel e se casou com uma coelhinha linda do Japão, que se chamava Cíntia. E a menina coelhinha se casou com um lindo coelhinho turco chamado Gabryel.

O Sr. Coelho amava muito seus filhos, sempre enviando presentes de natal para seus netos, e indo visitar eles quando podia. Ele sempre levada presentes e doces para os netinhos.

Além disso, o Sr. Coelho escrevia poesia, e também um livro de memórias, que ele deu o nome de "Minha vida de coelho e sempre peludinho".

Sr. Coelho gostava de se sentar na frente da sua casa, que era a toca mais bonita e elegante  que havia na região, fumaça um grande cachimbo e sempre convidava um amigo para almoçar ou jantar.

Ele era feliz.



Fim.

A luz

A luz

Aqui estou eu
E já não estou
E começa o meu
Destino sem rumo
E a canção da
Minha eterna dor.
Por veredas profundas
Rios, vales, folhas,
Pode se ver o céu
Azul de qualquer
Ponto do universo
Porque eu e o universo
Somos apenas um.
E aqui estou com
Todos os ares e o meus
Destinos de ser quem sou
É como sofrer numa carta
E deitar minhas mãos ao
Sofrimento e ver que existo
Para não existir que sonho
Apenas para ver seus olhos
Verdes e inscrever na espada
A estrela azulada que não
Pode ficar esquecida no baú.
E isso porque já estou aqui.
E já não estou...

A casa

A casa

A tintura verde condensa
Em suas janelas e portas
Universos serenamente
Construídos com muitas
Órbitas e leis e lembranças.
No telhado um gato ou um
Gambá que simboliza os
Anéis familiares onde o
Amor une a alma e o silêncio.
A casa escura está com
Estrelas enfeitando seus
Cabelos e meus olhos
Choram de saudade de
Você e de você,
Para todo o sempre.

Sonhos

Sonhos

Eis aqui a chave dos sonhos
uma estrela suave, um amor.
Do outro lado um por do sol
e as criaturas que não nomeamos.

A espada e a Rosa posta 
no jardim da lembrança com
cada arma que seja o seu
significado: a espada sonha

Com suas batalhas sem fim,
e a Rosa rubra quer a plena
serenidade do jardim.

A chave dos sonhos que
abrem a porta para universos
paralelos, os sinais de Deus Pai.

Futuros de um país desconstruído

Futuros de um país desconstruído

Pede asilo aqui não, federação. A coisa tá ruim. Vai de mal a pior. O que se deve fazer mesmo é uma greve de caminhoneiros. Haha. Já tivemos isso irmão. Falta o que então? Educação? Não. Falta pedra de sabão.

O que aconteceu nessa federação? Os Correios tão em greve. Já nem funcionavam, irmão. E a população? Tá armada. Sim ou não.

Jesus, me ajuda, a cruz aqui de baixo tá complicada. Manda uma saraivada de.pedra e faz os dinossauros dos três poderes extintos de novo. Haha. Aqui, rede grobo.

A nação vai bem. Agora o decreto do novo presidente da nação: cada criança tem direito a um gole de cachaça, uma bala de arma e um chiclete pra grudar no coleguinha. Achou ruim? Pega o pau do Curupira.

Opa, isso é apropriação cultural. Haha, já ouviram falar de coisa mais ridícula? Apropriação cultural? Que existe existe. Duvido. 

Ó aqui um exemplo: os portugueses se apropriaram da terra dos índios. Haha. Apropriação terrestre. Que triste.

O presidente está em greve. Vou ali tomar um gole de coentro pra ver se melhora minha imaginação.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Dança do adeus



Por ver os seus olhos nos
Muros corro o risco de sonhar.
Deixai entrar a luz clara e oculta
Do passado e do futuro
E não as ondas veladas do mar.
As rosas são como velas
Perfumes das mais odiosas flores.
Deixai entrar a guitarra.
Não morreremos plenamente
Enquanto não descobrirmos
As raízes verdadeiras dos amores.

Versículo triste



Já se foram para longe
A aurora e a chuva brusca
E de repente se revelou
Por cima dos muros
As ostras.
Fixo destinos é lembrar
Que o outono se foi.
Chegou outubro
Com uma mensagem
De saudade para setembro.
Coroando o ar do Golgota
Choram ao vento as iluminadas
Espigas.

O porto ao mar



                                milonga para guitarra
Do outro lado
Está a ilha imensa
Em forma de baleia
Azul, com o conhecimento
De que o mundo
E o universo se
Desfazem para receber
O novo e o velho como
Dois arcos inflamados
Pelas jubas.
Eis o porto de frente
Ao mar, tombado pela
Luz solar e rindo das
Areias que são apenas
Estrelas tombadas
Pela noite escura.
O mar descontente
Esbraveja suas ondas
Em furiosa coloração
Branca de espuma.
O porto observa
O frio e a areia percorre
O sol.
Pousada nos olhos
Uma rosa rubra sangra
E o mar canta
Como uma guitarra
Para o porto
Que chora,
Lindamente
Chora.

Um dom



Para mim, que me perdi
Nos sonhos extremos e conjunturais
Quero cantar com o frescor da manhã que surge as antigas lembranças da Espanha
que me jaz ser Islam e Cristão.
Dentro desses muros de espadas
sei que há um sol e um lugar obscuro.
Eu que um dia serei o Judeu
lapidador dos mundos, hoje sou
Apenas o poeta que se senta
Entre o nada da dor e a Alegria
e vejo nos espelhos as armadilhas
Que a beleza faz questão de enganar
porque os divinos seres dão risada
para o formoso homem musculoso
que irá se estrunchar e a linda
princesa andaluza que a face
(eles sabem)
envelhecer'a.
Porém a isso o Destino conta
Aos homens que nada se separam
Dos livros ou da vida.
Que todo o fim da alegria é tristeza
E o fim do sofrimento é Alegria.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Construção mística de São Paulo


O frio que te corta
fundou tuas bases com o vinagre.
Lentos povos alçaram tua bandeira
quando a aurora
pendia na balança
para o sonho recém despertado.
Abriram as luzes para ti
para que colhessem o fruto vindo
do céu, quer fosse os anjos ou a
chuva, embora as nuvens
duvidassem de aviões.
Em ti o café reinou para os
príncipes burgueses do inferno,
e assim foi a solda e a luta,
e dentro de ti brilhou plenamente
uma lua incrustada de marfim.
Por fim mesmo não poderia
Por mim mesmo não poderia
esquecer que ressuscitavas
sempre a meia noite
entre a janela, o pátio e os prédios.
Céu canalizado por onde Deus
suavemente contempla as almas
aflitas que sorriem para o destino.

Eu creio, Senhor...


Agora que o dia não chega mais,
poderei contemplas as pinturas
divinas antes de adormecer.
Irei morrer de novo,
e ressuscitarei igual água
cristalina?

Adamantina, 2018


Mudei a minha forma de pensar;
agora é outro o meu amor
e eu contemplo a lua de bronze
e o metal dos livros, e o vento.
Como antigamente, a amizade é
boa. A cidade continua no crepúsculo,
e não é o que ousado e triste vive,
há no ar Bíblias e guerras.
Chegou aqui as nove e meia,
e a cada esquina uma bandeira.
Sinto que tenho que dizer
que a tarde declina com suspiros.
Breve fvou fseguir por ti caminhando
em cada esquina, não sei mais, quando.


Avaí, 2018

Israel e Palestina


Por mim mesmo, deixei que os sonhos dominassem meus suspiros.
Pude então, assim, abrir as portas dos versos, e com doce, suave melancolia, cantei o que me agradava, dia a dia, mar em mar.
Soube que o dever do poeta é ter sempre em mente aquilo que o fascina.
Sou de certo modo fascinado pelos leões, hipopótamos, moedas e ouros; guerras e lendas antigas; pelos Evangelhos e pelos Salmos de Davi; pela meditação bíblica e pela especulação israelita/árabe.
A cada momento, tentei ao menos, cantar como Whitman, e deixei que as folhas da minha relva se multiplicassem sozinhas.
Verso por verso
sei que morro.
Verso por verso,
também ressuscito!

Apócrifo de Odin David


-para elias canetti

 Aquele que viveu sem viver...
                                     11 de outubro, 2018
                                                                     -Avaí -

as ilhas


-para josé saramago

Fascina-me as ilhas
que não podem se ver;
as ilhas invisíveis,
cheias de mar ao redor.
Aos nativos que ali moram
em paz com a natureza,
vejo a luz dos belos seios
das musas nuas e suas
areias nos pés aos cabelos.
E a lua serena observa
o manual de viver-se
plenamente, a verdadeira
riqueza.

Possível


Quanto a mim,
se sofri ou se sorri
sei apenas que vivi.

Destino


Nenhuma falha pode
ser evitada.
É o destino que fala.

Apócrifo de Quevedo


A sorte de se ter alguém
para amar
é a sorte de se ser alguém
para ser amado.


                                    -2.018-Avaí


quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Pergaminho


-para elias canetti


Em cima da mesa
onde já não está sonho nem lua.
Com letras antigas e confusas,
semelhantes ao arcaico húngaro.
O vento passa por cima
da casa de madeira, sem
saber que o pobre velho poeta
tenta escrever à sua maneira,
suas sagradas besteiras.
Entre a mão e a caneta,
sob a luz do sol marinho,
chora amargo no Purim judaico
Mordechai com seu
pergaminho.


Avaí, Outubro / 2018

Ausência


I
Com o passar do tempo,
sumiram meus olhos
na escuridão clandestina
dos ventos passageiros.
Fosse lua, ou fosse morte,
já não encontrava sul ou norte.

II
Com o passar do tempo,
meu nome foi impregnado
de recordações cinzentas
e a violência do sol apenas
regrediu o espelho do mar
até o fim da fria janela
que já não estava mais aberta.
III
Quando os planetas se alinharam
de novo, absolveram machado do cometa

Arauto de época


Com que saudade me vejo
andando pelas ruas da minha cidade,
acompanhado de anjos,
folhas e livros,
e o silencio absurdamente
divino dos carros
apressados.
Irei descrever com saudade
da lança do meu coração judaico
cada esquina, cada terreno
baldio onde eu andava
com as mãos enfiadas no
casaco quando fazia
muito frio / e eu,
recitava poemas
surrealistas e o kadish
sonhando com o amor
e com as praias tão distantes
de mim e tão próximas
ao sino marinho do
mar.
A casa verde é um silêncio
agora, mas eu via nela
querubins e arcanjos.
Eu me sentava triste e escrevia
e lia muitas coisas que o
jornal do norte publicava.
Em cada palavra um tédio
simples como um graveto,
em cada verso um
amor esquecido no
meio das nuvens.
Sonhos,
eu os anotava para depois
ler no escuro da luz da lâmpada
os textos de Freud.
Esperança, essa palavra
parece
uma maça verde
cortada em cima
da mesa.
Amor, essa palavra
parece uma lua
beijando o uivo
de um lobo.
Adamantina minha cidade
está llonge de mim, por isso
essa saudade como flecha
me invadindo o corpo,
me ferindo .
me deixando vivo
me deixando morto.
(-2018)

Uma fada

Uma fada percorre
um rio de sete cores.
Sete cores de vida,
sete cores de amores.

Nessas águas
profundas e frias
dorme a morte
em uma cama de
flores.

Uma cama de vida,
uma cama de amores.

Uma fada percorre
em silêncio
um rio de sete cores.

Sete cores de eterna vida,
sete cores de breve
amores.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

curriculo

GABRIEL DE ATAIDE LIMA
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  • Solteiro, Brasileiro, 22 anos.
  • Avenida Manoel Rodrigues, 155 - Centro.
  • Cidade - Avaí - SP
  • Tel / Cel : (18) 99750-5994 
  • E-mail: gabrielkzty@gmail.com

Formação escolar acadêmica: Ensino Médio Completo

Cursos : Curso Básico de Computação pela Escola Wizard de Adamantina

Experiências Profissionais:

Jornal Impacto (jornalista iniciante "foca")
Cargo: estagiário na empresa, escritor de matérias, criador de tiras em quadrinhos

Supermercado Ravazzi
Cargo: empacotador - período de experiência

Gráfica Moretti
Cargo: Cobrador, entregador de lista, encadernador, atendente.

Empregador Ézio Paganardi
Ajudante de calheiro

Empregador Sidney Buzzato, 
Ajudante de obra servente.

Rádio Life: Produtor, escritor de matérias, criador de conteúdos.

Última cópia de Borges



Quem sabe se o mar não levará sua tristeza e seu corpo para outra praia e para outro mundo?

Novíssima cópia de Borges



Esse céu enegrecido
Não é outra coisa
A não ser a mensagem
Da cegueira inadmissível.
Por nuvens luzes se acendem
Como a favela em que vivi
Sendo outro que não eu
Mesmo.
E por isso me enfadei
E adormeci
Pensando em sonhos
E talvez quimeras
Que jamais vi.

Nova cópia de Borges



Por mim mesmo vi
As fantásticas construções
De São Paulo
E achei o barroco rústico
Como um soneto
Mal elaborado.

Cópia de Borges



Por mim mesmo vi ruas de Buenos Aires
E já estava fixado no céu
A imagem Divina de alguma
Lembrança exposta a melancolia.
A mim me agrada muito as enciclopédias,
E a forma lustrosa e viva
Da sagrada Sabedoria.

Alusão ao amor ferido



Nesses labirintos sem métricas
chamado vida,
perdi o amor dela,
pelas esquinas sombrias.
Sei que seu nome, donzela,
não era místico, nem indecoravel.
Onde os abismos deixaram
presos sua voz adorável?
Eu me esqueçi de sair em paz
nessa guerra pedante de paixão.
Deixei entrar o ar da melancolia
onde não devia por erros meus.
Salva-me ternura enigmática,
quando ela não vê o tempo, e não me ama
mais.

Felicidade



Eu também nasci em uma cidade que antes da destruição de Roma se chamava Buenos Aires.
Isso já faz muito tempo,
e as vezes não é bom confiar
em datas, nem mercadorias frágeis.
E
sei que entre a lentidão da minha memória
frágeis versos
poderia escrever
nesse idioma magnífico.
Mesmo
que não consiga dizer
que os muros são de Adamantina,
e que o céu daqui não tem as nuvens
de lá,
por isso sou morno, don Borges,
e quando leio Quevedo recordo
a beleza das ondas do mar.
Seria
essa a felicidade proposta
por Spinoza, meu caro Abarbanel?
Ou
Schopenhauer estava certo
como Buda
ao dizer que não podemos
ser felizes com nada que exista
debaixo do céu?

O menino que pensa




Aqui nessa terra que é minha,
e ao mesmo tempo não é.
Me sinto só, como uma sardinha,
buscando na noite uma colher.
Se pudesse eu decifrava os mapas
dessas minhas tristes rimas.
Me sinto só, como uma estrela.
Não é isso minha poesia?
Por isso ando decifrando
Esse lamento triste
Que lembra o tango.
Deixai-me saudoso sem
Minha gente ou minha terra.
Chorará comigo a primavera.

O círculo do céu



Para que o dia se torne noite, só existe duas mensagens ao tempo.
A primeira, é que Deus vira de cabeça para baixo o seu relógio de areia.
E a segunda, é que os sábios egípcios
não conseguiram decifrar perfeitamente a gramática celeste dos céu.
(Frases escritas por um monge protestante de Genebra, século VII).

Avaí



Largas ruas da qual eu não sei o nome
lembrança de outra calçada de outra lua de outras árvores e de outras flores.
Como posso vaguear dentro de tudo
estrelas que desconheço o nome.
Não sei as rotas do mapa astral desta região
e posso ficar infeliz se esquecerem
meu nome.
É o conhecido que gera a luta,
ou o labor do novo é a canção do
jovem?

A memória



Noite dentro de um abismo
Vaga luz estampa o céu cósmico
Valsa fadas no suspiro perdido
Onde não se encontra outra coisa
A não ser a memória.

Ouro



Por ver o seu rosto ofuscado
Dentro do poente caminhado.
Nuvens dissiparam o ar
E ficou na janela seu nobre nome.
Quem era ela? Perguntei a meiga
Fada que acompanhava o mar.
E nenhum ser que ali estava
Pode vos decifrar.
Caminhando em meio a poeira
Fui dizendo coisas ao tabuleiro,
De noite o enigma cinzento
Transformou a tempestade
Em vida. Dos olhos do Golem
Saltou o último suspiro: eu a amava.

Lembrança



Naqueles tempos antigos não sei se eu era Mouro Ou se era Viking. As coisas estão confusas dentro da verdadeira memória de um sábio chinês adormecido no meio do campo.
Por ter sonhado que era uma borboleta ao despertar e ver o céu azulado acima de sua cabeça já não sabia dizer para si mesmo se era um sábio chinês Ou se era uma borboleta.
As confusões dos Dias poderiam supor que a verdade seria revelada a mim. Aínda não descobri se sonhei em ser um tigre, leão, ou mariposa.

Espelhos



Algumas vezes eu também Olhei os espelhos e pude ver a refletido em meus olhos todas as verdades que não poderiam ser ditas na escuridão ou na luz.
Em tais falhas queria ser outro mas podia então perceber e contentar-me em ser eu mesmo.
Recebi o conselho de um velho ancião e de uma pequena rapariga que mê fizeram perceber que um ser como eu só teria o destino de três coisas para fazer:
A primeira levar a glória de Hércules para outro lugar.
A segunda vencer os inimigos de Israel com uma Funda.
E a terceira e última revelar a verdade que só os espelhos poderiam dizer sem serem decifrados.

O leão em mim



Quando pequeno fiquei fascinado em uma espécie de fervor e quase adoração pela figura dourada de leões. Eu sozinho costumava andar infinitamente pelo zoológico apenas para ver a juba de tais feras.
Ao chegar em casa nas madrugadas alheias em que eu não tinha nada para recitar, abria os livros sagrados da estante e me colocava com admiração a ver as estampas desenhadas das misticas feras derivadas da savana.
Ao colocar a cabeça para distrair me dentro de um sonho, costumava a pensar repetidamente que poderia muito bem fazer como Deus a figura de um leão despertar dentro de minha memória produzindo assim minha própria criação.
Oh gloriosa blasfêmia do acaso da vida, nunca pude criar nada a não ser conceber a criatura que me fascinava.
Costumava pensar no meio dos sonhos que aquilo não era uma representação verdadeira da fera que tanto me fascinava.
O leão aparecia assim para mim, às vezes dentro de uma jaula, às vezes sem vida capturado sonolento.
Inadimissível sonhar com tais glórias quando repetimos que a verdade só pode ser encontrada dentro de seus muros.
Ao despertar e olhar pela primeira vez um espelho que havia dentro do meu guarda-roupa, pude ver, naquele reflexo dos meus olhos, que eu era o verdadeiro leão, e que a vida toda eu sonhava apenas com encontrar uma leoa.

Orgulho



Quando passei pela primeira vez na frente daquele Jardim não reconheci o seu nome. Deixei que os pássaros Cantar Sem que eles queriam cantar e mesmo assim fui passeando pela rua onde reconheceram o seu rosto.
Naquela tarde eu me lembrei que o seu nome talvez fosse Julia, mas as lembranças da minha mente estavam muito embaçadas e eu jurava que a face do Tigre que me espantou era a mesma que não dava os meus sonhos.
Mesmo assim eu pensava que cada flor naquele Jardim poderia revelar o mistério da criação de Deus e da vida. Pode ser que aquelas plantas vermelhas, brancas, amarelas, contivessem a verdade da existência que segundo os teólogos só poderia ser achada na Bíblia ou no livro sagrado do Alcorão.
Eu que sempre fui muito incrédulo nunca desconfiei que aquele Jardim fosse a porta perdida de um paraíso onde Quevedo escreveu o mais belo verso que poderia ter inventado, e Milton imaginou todo uma ordem completo para por em seus longos versos.
Aquele Jardim já não existe mais porque foi destruído pela chuva. Naquela tarde em que eu andava sozinho e Solitário com apenas uma moeda no bolso, pude perceber que o vento que soprava sobre as flores brancas queria me ditar alguma mensagem Divina que eu não conseguia decifrar.
Por fim cheguei em casa. E me disseram que havias morrido.
isso já não importa mais porque já não me lembro do seu nome no meio da noite e sei que aquele Jardim Místico já não existe.

O fazedor



Escrevi lentos versos com a voz
e o tempo sorriu com tal ousadia.
Ficou inscrito nas tumbas das
eternas melodias minha voz de poeira.
Viking vitorioso foi o acaso,
apagando meu texto com lívido ardor.
Magnetizei meu coração nas rochas
e sofri, amei, vivi tal dor.

Paraíso



Deitei meu verso em palavras
E perdi infelizmente.
Senti a dor de perder um filho.
Hoje eu te entendo...

Amor meu



Assim que te esqueço
Dentro dessa névoa Divina.
E reconheço o seu nome
Na placa Celeste acima.
Antes ela foi Beatriz,
Hoje seu nome Brilha.
Te nomearei Amada Eterna,
Se aceitares ser só minha.
Porém seu nome esvai
Na fumaça da Memória.
Deus, onde depósito meu amor?
Em suas mãos quentes,
Ela me diz adormecendo.
E eu sonho com os beijos dela.