Sentada no banco.
I
A menina lê um livro com os óculos pendurados no nariz. Ela é bonita. Deve ter pelo menos uns vinte anos de idade. É loira, magra e seus olhos são esverdeados. Parece estar tão concentrada no livro que não consegue perceber a figura que chega até ela. É um homem que aparenta ser um pouco mais velho. Deve ter pelo menos uns trinta anos de diferença. Ou ele tenha trinta um anos de idade ou trinta e dois, não faz nenhuma diferença para nós. Vamos pensar que ele tenha trinta e quatro.
_ Há quanto tempo Elisa!
Por um momentos ela parece nem se importar com o que escutará. Então, como se despertasse de um sono, ela se lembra que seu nome é Elisa. Ela mira entre a lente dos óculos a sombra, mais não levanta a cabeça. Primeiro, com delicadeza chinêsa, pega um marcador de páginas de livros que está em sua pequena bolsa, ao seu canto direito, e fecha a página que estava. Página 458. É um livro de direito. Vamos imaginar que ela estude direito, mas não é esse o caso. Ela encara a figura.
_ Quem é você?
_ Não se lembra de mim?
_ Não, não me lembro. Me desculpe a franqueza!
_ Que isso! EU é que peço desculpas. Você apenas se esqueceu de mim. Não se lembra da festa na casa de sua prima, a Karina?
_ Ah... Você é o tocador de bateria, né?
_ EX-TOCADOR de bateria. Não toco mais...
_ Não toca?
_ Não! Agora toco violão em uma banda de jazz.
_ Mais continua tocando. -Ela sorri.- Me perdoe, eu não me lembro do seu nome...
_ É Michielt. E é um nome mesmo ruim de se guardar.
_ E o que você faz por aqui? Passeando?
_ Fui visitar um amigo que sofreu um acidente de carro. Coitado, está com a perna inteira quebrada; Talvez fique até paralítico.
_ Puxa... Que pena. Meus pesares a você!
_ Não sofri o acidente!
Elisa se recordou que realmente Michielt gostava de dar essas respostas secas.
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