sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

QUANDO O PANO DESCE

 



QUANDO O PANO DESCE

uma peça curta do teatro do absurdo

Personagens:
CONSTANCE
OSCAR
LINOR

(Palco quase vazio. Um banco. Ao fundo, algo que pode ser uma ponte ou nada. Luz cinzenta.)

CONSTANCE
(Parada. Olha.)
Eu amo Oscar.
(Pausa.)
Disse.
Agora não sei onde pôr isso.

(Silêncio.)

OSCAR
(Sentado.)
Eu amo Linor.
(Pausa maior.)
Não disse.
Mas o corpo disse antes.

(CONSTANCE olha para o vazio.)

CONSTANCE
Então é isso.
(Olhando para baixo.)
Sempre foi isso.

(Ela caminha lentamente até o fundo. Para. Olha. Sorri quase nada.)

CONSTANCE
Não dói ainda.

(Escuridão breve. Um som distante de água. Quando a luz volta, CONSTANCE não está mais.)

OSCAR
(Sozinho.)
Ela caiu.
(Pausa.)
Eu fiquei.

(Ele tira um pequeno frasco do bolso. Observa.)

OSCAR
O gosto deve ser amargo.
(Pausa.)
Sempre é.

(Bebe. Senta-se no chão.)

OSCAR
Linor…
(Pausa.)
Agora posso dizer.

(Silêncio longo. OSCAR deita. Não se move.)

(LINOR entra. Carrega um papel.)

LINOR
Eu escrevi.
(Pausa.)
Não para eles.
Para o espaço entre.

(Ele lê, mas não ouvimos as palavras. Dobra o papel.)

LINOR
Não havia nomes suficientes.

(Ele caminha até um pequeno monte de terra — um túmulo sem inscrição. Deposita o papel.)

LINOR
Ficou dito.

(Ele se afasta. Para. Olha.)

LINOR
Nada muda.

(Luz diminui.)

(O pano desce.)

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