terça-feira, 18 de novembro de 2025

lua negra de cabo verde


para cesaria évora 


vou para cabo verde

devagar como quem segue

o chamado do vento morno

que canta nas ilhas


olhar a lua negra dos olhos dela

essa lua que não se esconde

que acende marés no meu peito

e me guía pela noite inteira


ela, a negra verde, a luz verde

mistério de porto antigo

cheiro de sal na pele

voz que dói e afaga


e eu vou

porque coração não sabe ficar

quando escuta morna no sangue

e sente o chão balançar


vou amar ela para sempre, juro

mesmo que o mar mude de nome

mesmo que a saudade cresça

como sombra de tamarindeiro


que o vento leve meu canto

até os passos dela

e diga baixinho:

meu amor ficou nas ilhas.


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