terça-feira, 28 de outubro de 2025

O Vazio da Noite

Nada vem.

Nem vento, nem voz.

Só o som do que não soa.


O chão respira,

lento,

como se esperasse o passo que nunca chega.


A lua?

Uma lâmpada cega,

pendurada num fio de esquecimento.


Falo, talvez.

Ou penso que falo.

As palavras caem,

sem eco,

sem chão.


Havia um corpo aqui —

ou a lembrança de um corpo.

Move-se?

Não.

Mas ainda pesa.


O tempo —

esse velho distraído —

repete o mesmo segundo

até que o segundo morre.


E o nada se torna hábito.

E o hábito, oração.


No fim,

nem noite,

nem eu.

Só o intervalo entre dois silêncios.



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