Nada vem.
Nem vento, nem voz.
Só o som do que não soa.
O chão respira,
lento,
como se esperasse o passo que nunca chega.
A lua?
Uma lâmpada cega,
pendurada num fio de esquecimento.
Falo, talvez.
Ou penso que falo.
As palavras caem,
sem eco,
sem chão.
Havia um corpo aqui —
ou a lembrança de um corpo.
Move-se?
Não.
Mas ainda pesa.
O tempo —
esse velho distraído —
repete o mesmo segundo
até que o segundo morre.
E o nada se torna hábito.
E o hábito, oração.
No fim,
nem noite,
nem eu.
Só o intervalo entre dois silêncios.
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