Ao sair da casa, a floresta o abraçou,
mas algo mais brilhou entre as árvores —
uma luz intensa, pura, impossível de tocar,
que não vinha do sol, nem da lua,
mas de uma presença antiga, eterna.
O fauno parou, os pés fendidos tremendo,
os olhos arregalados como folhas ao vento.
A luz dançava sobre o musgo, sobre o riacho,
como se risos e cantos ancestrais tivessem se tornado ouro.
“Quem sois vós, filhos dos deuses?”
sussurrou, quase sem voz.
E a luz respondeu não com palavras,
mas com uma alegria que corria pelas veias da terra,
uma música invisível que só os corações puros podiam ouvir.
O fauno sentiu o peso da solidão derreter,
sentiu que seu riso podia finalmente voar,
que sua flauta poderia tocar não só para deuses,
mas para todos os seres da floresta e além.
E no centro daquela claridade,
como uma estrela que caminha,
um menino de olhos radiantes,
alegoria dos filhos mais antigos e amáveis,
lhe ofereceu o dom do amor sem fim,
da alegria que não se apaga,
da bondade que é raiz de tudo o que vive.
O fauno dançou, os pés fendidos riscando o chão,
tocou sua flauta com um fervor novo,
e o bosque inteiro — árvores, flores, riachos —
respirou e riu junto dele,
como se o mundo tivesse finalmente entendido
que até a criatura mais tímida
pode encontrar a luz que salva.
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