quinta-feira, 2 de outubro de 2025

A Cruz


A pedra fria e o lenho erguido em vão:

O Sol desce, e o sangue derramado

Não lava a mancha escura do chão.

Em Gólgota, o mistério foi selado,

Mas o mal persiste em cada coração.


A vida segue, um sonho febril, e o tempo passa,

A face do mendigo e a do rei cruel

Não sentem do Sacrifício qualquer graça.

Os mesmos lobos uivam sob o céu,

E a fina areia escorre sem compasso.


De que vale o clamor, o grito da agonia,

Se a existência é um breve sopro fútil?

Nasce o dia e finda o dia,

E a morte é a única verdade útil.

A Cruz, um símbolo oco, em melancolia.


Não há redenção para a raça vã,

Pois o mundo gira em sua dor antiga.

A glória prometida é a névoa da manhã,

E o peso de ser vivo não se mitiga.

A alma errante busca, mas tudo é amanhã...

E o amanhã não tem voz, apenas a bruma.

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