A pedra fria e o lenho erguido em vão:
O Sol desce, e o sangue derramado
Não lava a mancha escura do chão.
Em Gólgota, o mistério foi selado,
Mas o mal persiste em cada coração.
A vida segue, um sonho febril, e o tempo passa,
A face do mendigo e a do rei cruel
Não sentem do Sacrifício qualquer graça.
Os mesmos lobos uivam sob o céu,
E a fina areia escorre sem compasso.
De que vale o clamor, o grito da agonia,
Se a existência é um breve sopro fútil?
Nasce o dia e finda o dia,
E a morte é a única verdade útil.
A Cruz, um símbolo oco, em melancolia.
Não há redenção para a raça vã,
Pois o mundo gira em sua dor antiga.
A glória prometida é a névoa da manhã,
E o peso de ser vivo não se mitiga.
A alma errante busca, mas tudo é amanhã...
E o amanhã não tem voz, apenas a bruma.
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