1
A Morena
Teu corpo é um rio de mel escuro,
e eu mergulho sem medo na corrente.
A pele morena, febre e pecado,
me acende como fogo em madeira úmida.
Teus seios — dois frutos noturnos —
me ofertam o gosto proibido,
e tua boca, vinho derramado,
me embriaga até o silêncio.
Entre tuas coxas, a noite se abre,
floresta secreta onde me perco.
A respiração é marulhar de ondas,
cada gemido um trovão que rasga o mundo.
Morena, és o altar onde rezo de joelhos,
és o corpo que me salva e me condena,
és carne, incenso e vertigem.
Teu suor é minha oração.
E quando amanhece,
tua sombra ainda pulsa em mim,
como se teu desejo fosse tatuagem
que nenhuma manhã consegue apagar.
🌙🌙🌙🌙
2
A Loira
Tua pele clara é chama pálida,
um lume que arde sem pressa,
escorrendo luz pelas frestas da noite.
Teus cabelos, fios de sol desatado,
caem sobre meu peito como serpentes douradas,
enredando-me na febre do desejo.
A Loira, altar de delírio:
teus lábios são vinho claro,
queimando minha língua com a doçura do veneno.
Teus seios — luas de marfim —
me acolhem na claridade proibida,
e tua cintura é maré,
me arrastando sem retorno.
Entre tuas coxas, a aurora explode,
um clarão onde me perco,
onde todo o corpo é incêndio,
e a respiração, tempestade.
E quando a manhã se abre,
ainda sinto teu sabor na minha boca,
tua marca no meu corpo,
como se o amor fosse fogo
e eu, apenas cinza que suspira.
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