terça-feira, 26 de agosto de 2025

A Questão Fundamental


 em memória de  Pär Lagerkvist


Entre Barrabás e o pó da rua, 

o homem se levanta, libertado,

mas quem mede o silêncio do sangue?

Assuero caminha, passos sem fim,

o Judeu Errante tropeçando nas sombras

dos altares vazios, das igrejas fechadas.


Bem e mal — sussurros em tapeçarias antigas,

entre os vitrais quebrados

e o eco de sermões esquecidos.

O moralista percorre corredores de pedra,

sem dogma, sem cruz,

apenas a urgência de olhar,

de ver os nomes riscados nas portas.


Oh, a cidade, estranha e longa,

abre suas mãos como sepulcros

e nós, habitantes da dúvida,

tocamos o frio do eterno,

buscando sentido entre a libertação

e a condenação que nunca vem.


E ainda, na esquina,

Barrabás sorri — não pelo perdão,

mas pelo peso do erro humano,

Assuero observa, cansaço nos olhos,

o Judeu Errante segue,

e o mundo inteiro se inclina

sobre a questão fundamental.





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