em memória de Pär Lagerkvist
Entre Barrabás e o pó da rua,
o homem se levanta, libertado,
mas quem mede o silêncio do sangue?
Assuero caminha, passos sem fim,
o Judeu Errante tropeçando nas sombras
dos altares vazios, das igrejas fechadas.
Bem e mal — sussurros em tapeçarias antigas,
entre os vitrais quebrados
e o eco de sermões esquecidos.
O moralista percorre corredores de pedra,
sem dogma, sem cruz,
apenas a urgência de olhar,
de ver os nomes riscados nas portas.
Oh, a cidade, estranha e longa,
abre suas mãos como sepulcros
e nós, habitantes da dúvida,
tocamos o frio do eterno,
buscando sentido entre a libertação
e a condenação que nunca vem.
E ainda, na esquina,
Barrabás sorri — não pelo perdão,
mas pelo peso do erro humano,
Assuero observa, cansaço nos olhos,
o Judeu Errante segue,
e o mundo inteiro se inclina
sobre a questão fundamental.
Nenhum comentário:
Postar um comentário