para Openhheimer, o mestre DEFINITIVO!
No princípio,
o verso era poeira cósmica,
flutuando entre estrelas
e o hálito frio das distâncias.
A poesia
— como a astronomia —
mede silêncios com compassos de luz,
traça órbitas na carne da noite.
Os planetas são estrofes lentas,
as galáxias, livros abertos
sobre uma mesa que ninguém vê.
Mas há também o lado escuro:
bactérias multiplicando-se
em fendas invisíveis,
partículas dançando como profetas embriagados,
e a física, com sua régua de ferro,
tentando medir o incomensurável.
As Escrituras disseram:
— haja luz —
e houve fótons,
mas também matéria escura,
e as mãos que escreveram o Gênesis
são as mesmas que escrevem hoje
a equação da morte térmica do universo.
A astrologia, irmã perdida,
sussurra que somos mapas,
linhas e casas em rotação eterna,
e que a queda de uma estrela
pode ser também a queda de um homem.
No fim,
poetas e astrônomos
se encontram no mesmo deserto,
olhando o mesmo céu,
procurando na poeira de séculos
a voz que diga
que não fomos apenas
a respiração breve de uma bactéria
sobre a pele frágil de um mundo
que ardeu e se apagou.
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