— E aí, gata.
— Gata não. Sou coruja.
— Coruja?
— Só aparece de noite.
Risos.
— Você é branca demais.
— E você, preto bonito.
— Nunca fiquei com uma trans.
— Sempre tem a primeira vez.
Silêncio.
O bar quase fechando. Cheiro de cerveja choca.
— Bora?
— Pra onde?
— Um quartinho. Ali na Treze.
Ele olha pros lados, coração disparado.
— E se eu me apaixonar?
— Problema teu.
Caminham. Campinas escura, farol queimado, cachorro magro.
No alto do poste, a coruja pia.
A porta bate. O quarto engole os dois.
Nenhum comentário:
Postar um comentário