O PÃO
para drummond
Sobre o signo da Fome - eis então
O Pão sobre a mesa sagrada da minha familia.
Angustia, tristeza, solidão,
Tudo isso é amargurado coração!
O Pão, carrega dentro de sí
A memória de um messias da judéia.
E lá, quando o sol bate nas pedras
Entra a voz errante da Eritreia.
Silêncio, que escrevo com
O trigo que salta da terra
A minha tristeza de ventos.
Que me importa o fim das eras?
Seremos tu e eu o pó do chão,
Eternos, igual o Pão que comemos.
O TAMARINDO
para daniel, cavalo!
Sonhei contigo na cama - pele negra
Serena raiz do doce que salta
De tuas frondosas folhas até meus
Lábios pequenos e tristes.
A marcha das moleculas segue
A vida do teu tronco de formigas.
O tamarindo entre o chão e o céu
Me observa serenamente vendo
A cobra negra que salta igual
Garça ou qualquer musica antiga
De uma roma sensual eterna.
Ficarei parado entre o não-pensar.
Pois se vejo a minha mão tocar
Teu gozo salgado nessa doce terra.
A NATUREZA
para schopenhauer e augusto dos anjos
A natureza é fria e enxergo
No roer dos vermes fundamentais
A morte em cada esquina
E a luta sangrenta dos animais.
É bela para ti, burguesa cega,
Esse cenário de Monet em quadros?
Olhai os peixes sendo devorados
Pelos tubarões com fome.
Até as árvores tem espinhos
Violentos iguais rosas: não toque,
Que a natureza é ansia e grito.
Choras... Pode chorar e lamentar.
Eis que tudo irá se findar
Na natureza fria da existencia humana.
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