quinta-feira, 31 de julho de 2025

três poemas autobiograficos

O PÃO  

para drummond

Sobre o signo da Fome - eis então

O Pão sobre a mesa sagrada da minha familia.

Angustia, tristeza, solidão,

Tudo isso é amargurado coração!

O Pão, carrega dentro de sí

A memória de um messias da judéia.

E lá, quando o sol bate nas pedras

Entra a voz errante da Eritreia.

Silêncio, que escrevo com

O trigo que salta da terra

A minha tristeza de ventos.

Que me importa o fim das eras?

Seremos tu e eu o pó do chão,

Eternos, igual o Pão que comemos.



O TAMARINDO

para daniel, cavalo!

Sonhei contigo na cama - pele negra

Serena raiz do doce que salta

De tuas frondosas folhas até meus

Lábios pequenos e tristes.


A marcha das moleculas segue

A vida do teu tronco de formigas.

O tamarindo entre o chão e o céu

Me observa serenamente vendo


A cobra negra que salta igual

Garça ou qualquer musica antiga

De uma roma sensual eterna.


Ficarei parado entre o não-pensar.

Pois se vejo a minha mão tocar

Teu gozo salgado nessa doce terra.



A NATUREZA

para schopenhauer e augusto dos anjos

A natureza é fria e enxergo

No roer dos vermes fundamentais

A morte em cada esquina

E a luta sangrenta dos animais.


É bela para ti, burguesa cega,

Esse cenário de Monet em quadros?

Olhai os peixes sendo devorados

Pelos tubarões com fome.


Até as árvores tem espinhos

Violentos iguais rosas: não toque,

Que a natureza é ansia e grito.


Choras... Pode chorar e lamentar.

Eis que tudo irá se findar

Na natureza fria da existencia humana.

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