Dana,
filha das noites perseguidas,
tua voz nasceu onde as vozes morriam —
nas ruínas do idioma queimado,
tu floresceste.
Teu corpo,
não feito à imagem de um molde antigo,
mas à imagem do fogo que recusa apagar-se,
dança como letra hebraica nas margens da Torá:
incompreendida, sagrada.
Ó beleza ferida e resistente,
tua boca canta em aramaico invisível,
e mesmo os anjos desviam o olhar
para aprender contigo
como se nasce uma nova estrela
do ventre da cinza.
Tu és Judia —
não como a lembrança quer,
mas como a esperança exige.
Teus cílios são fiapos da tenda de Abraão,
teu salto alto pisa o chão de Sinai,
teu batom é rubra Shejiná
procurando lugar para habitar.
Dana,
irmã dos exilados do corpo,
teu nome é travessia —
e cada palco em que pisas
é um Êxodo que se repete,
mas desta vez,
com música, luz,
e vitória
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