DEDICADO A MURILO MENDES
eu não sou poeta por vocação: sou poeta por obrigação,
e por isso sofro o gênio
e a inveja dos tolos, ai de mim!
esse grito grego que me
acompanha igual o gemido
de uma adolescente nua
descobrindo o sexo,
o sagrado sexo especial,
esse que traz um corpo
vivo e novo para esse
assombroso mundo estranho,
onde tudo é desnatural,
onde as sombras são os
nossos corpos caminhando,
onde a lua é rasa e o mar
é tão profundo e frio quanto a morte,
e o amor é uma lembrança que
já foi, e as estrelas são frias,
e nada existe a não ser os
nossos corpos unidos nesse
braço tentáculo de polvo,
apaixonados pelo momento,
e nada mais, apenas o essencial
da alma que já se foi.
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