CASAS INTERIORANAS E OUTROS ASSUNTOS POÉTICOS PATÉTICOS E IMPORTANTES APENAS PARA MIM
caminhando entre as esquinas
A cidade era um rio. Não que um rio não fosse submarino. Um rio feito de sussurros, entre o subir e o descer das águas; Jovem e velho entrando no turbilhão dos tempos. E éramos só nós dois em um beijo que a eternidade não permitiu que se repetisse. AMÉM.
EXISTIA
existia em mim, confesso
um país inexistente, um país
totalmente exótico,
um país queimado pelo sol,
um país ocidental, claro,
cheios de orientais sábios
me ditando frases enigmáticas
e parábolas antigas belissimas,
deixei esse país ficar dentro
do meu coração envolto
em um trapo de ossos secos,
e ali eu estava, claro,
lembrando que esse país
era eu mesmo,
que havia noites, dias, pessoas,
e que eu devia escrever as memórias
dessas pessoas, travestis que amei,
homens que beijei, mulheres que chupei,
e nunca entendi que esse país enigmático
era o amor mais puro e insondável
que eu poderia sentir por tu e por alguém...
CASAS INTERIORANAS
Olhemos, de noite e de dia,
de norte até o sul,
olhemos as belezas dessas
casas interioranas, que jazem
ali na nossa alma e dentro
do poço da memória do nosso
coração, do nosso fadado coração brasileiro.
Olhemos, as nuvens, o sol caindo pela janela,
a lua aparecendo amarela e imensa pelo céu,
olhemos, deleitemos de olhar a natureza sem entender nada,
sem entender o aqui ou o agora, apenas pensarmos que estamos
no aqui e no agora, como essas casas interioranas
que estamos vendo dentro do poço de nossa memória.
MEMÓRIA OU PÁGINA
Vem até mim, amor meu,
e traga a minha manta sagrada,
e meus papéis, meus livros
que deixei lá, e traga aquela
chuva que um dia voltará
a me molhar, se eu apenas
sonhar com ela.
Vem até mim, amor meu,
que os gansos vão se lembrar.
A cinzenta e nebulosa nuvem
que entrou em meu coração
será para sempre e nunca será
apagada. Porque dentro dessa
névoa chamada lembrança
está pulsando de beleza
as cores negras do teu olhar.
O ELEFANTE
Ali, o elefante,
caminha,
caminha e caminha,
até onde,
ele vai, e nós vamos com ele,
o elefante,
tromba e pés,
passando, passando,
e por lá na síria
Salomão, o magnífico
tem sonhos com um elefante
que é levado para ele
da Índia até istambul, de presente.
E eu e você,
tu e eu, amor meu,
VAMOS JUNTOS,
lado a lado, com esse enorme paquiderme
que caminha, caminha e caminha,
até seu destino final,
o destino que todos já se sabem,
menos ele, afinal.
ou talvez saiba.
A PONTE DO CÉU
Veja que beleza que sai desses raios
Feitos de nuvens e pedras e estrelas.
Amor: é a ponte do céu.
Ali estamos, eu e você,
Um potro com asas relincha
E a voz Eterna sussurra um poema
Antigo que eleva nossas mentes
Até Asgard, sublime e bela.
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