segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Ninguém

 Ninguém 


Ninguém me publicou; ninguém me leu. Ninguém me ajudou, ninguém me entendeu. Ninguém abriu as portas, ninguém trouxe tintas para mim. Ninguém me levou a sério; ninguém riu das minhas piadas. Ninguém me deu remédios, ninguém me visitou doente. Ninguém acompanhou minha escala; ninguém viu meu sucesso. Ninguém viu minhas derrotas. Ninguém me apertou as mãos. Ninguém fez negócio comigo. Ninguém me ajudou a atravessar a ponte com aquela ventania terrível. Ninguém me protegeu da chuva. Ninguém me ofereceu um guarda-chuva. Ninguém ouviu meus conselhos. Ninguém escutou minhas histórias. Ninguém assistiu as minhas peças; ninguém quis comprar papel para mim. E, mesmo assim, gritei em alta  e branda voz para alguém.

Quem? Ninguém!

O CRAVO E A ROSA

 O CRAVO E A ROSA


O Cravo brigou com a Rosa,
A Rosa pôs-se a chorar.
O Cravo ficou doente,
A Rosa foi lhe visitar.

O Cravo teve um desmaio,
A Rosa lhe abraçou.
O Cravo ficou ferido,
A Rosa então chorou!


(baseado em cantiga infantil medieval)

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Meu cavalo

 Meu cavalo, meu cavalo,

É um tesouro montado.
Meu cavalo, meu cavalo,
Só faltava ser alado.

Meu cavalo, tão bonito,
Está seco, só o osso.
Mas tirando tudo isso
Meu cavalo é um tesouro.

Só posso dizer vexado
Que meu cavalo defeca:
Níquel, prata, cobre e ouro.

(poema de Matheus Schabino, Poeta da Paraíba)

Teatro

 Teatro

Nesse palco, nesse círculo, Na luz do Teatro onde existo, Tudo pode acontecer: Drama, Comédia, choro e riso. Insisto. O amor brota da arte, A rima brota do poeta. O Sonho é esperançoso. Galopa o Riso e o Choro.

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

O sonho

 

Na vasta escuridão de murmurante sonhos

Vislumbro a figura solitária de um Rei.

Sua coroa é de ferro, e de ouro seu cetro.

Sua barba, outrora ruiva, branca reluzente,

Lembra as nuvens que brilham no céu.



O trono onde se assenta tem um símbolo:

Duas aves que se tocam ao contrário.

Meus olhos querem chorar ao vê-lo,

Pois sei que vou esquecê-lo quando acordar.



Será que no imenso constelar de planetas

Tal Rei enigmático também sonha comigo?

Assim como sonhou um poeta em ser

Uma borboleta?



E ao ver minha figura refletida no fogo

De seus sonhos de ferro e mandamentos,

Ao despertar tal Rei pergunta sincero:

Por que sonhei com tal mancebo?

 

Sinfônico

 

1

Outra cena, beleza e terrível,

Tenho para deixar escrita aqui: O rosto de mulher no corpo de leão. Fruto do amor, da paz, da compaixão. Chama o meu nome esse tão belo Estorninho roxo. A lua fendida pela Tristeza das árvores deixa o vento Soprar, soprar, como se fosse voar.


2
Ao se afastar determinei o canto.
Janelas, favos de mel, prantos. O Amor seguiu seus passos, de certo. Não se vai, fica, a melodia é essa. Não posso deixar nunca De ser um tão romântico Poeta!

A revelação está próxima

Observe comigo aquela ruína[1],

Entrevejo o Céu e a Terra, unida.

Vejo sonhos e símbolos

E não me arrependo: eis-me feito.



O pássaro que voa e volta a ser cinza[2];

Amanheceu gelada neve e nas tetas

De uma vaca[3] lambendo o bloco de sal,

Que gigante ousa ser tão imortal?



Olha comigo, é o mesmo fim de antes[4].

Por que suspiram tantos os que

Não estão indo adiante?

Aquele sátiro sou eu, vacilante?[5]



Ornitólogo, olha comigo essa ilustração:

É Odin, barbudo e com uma coroa de prata[6],

Segurando uma lança na mão.

Que pássaros belos, de bicos encurvados,

Acompanham a figura, no ombro apoiados[7].



Mestre, não ardia o meu coração de ferro

Quando me explicava tu as Sagradas Escrituras?[8]

A mim tudo virou mistério,

E mesmo que eu continue com esse olhar sério,

Da ruína nasce um novo Templo[9].

 



[1] O poeta aqui vislumbra uma cena do livro bíblico de Apocalipse.

[2] A citação a ave Fênix sugere a ideia de que toda a Arte Poética é feita e desfeita, e volta a surgir conforme as épocas dos anos. Pois a Fênix é uma ave que retorna da cinza. Tem também um significado de que no Final dos Tempos haverá a ressurreição dos mortos.

[3] Essa vaca faz referencia a mitologia nórdica, onde a vaca primitiva  Auðumbla lambendo as pedras de geada salgada fez surgir Buri, que deu origem aos outros deuses de tal mitologia.

[4] O poeta aqui em fina ironia faz dizer que todas as culturas têm o seu próprio fim do mundo. E dessa, sua origem Judaica e seu fervor Cristão, sempre anunciou o fim dos tempos.

[5] Ao se comparar a um sátiro, o poeta afirma que a velhice natural ao homens é algo que não deixa muitos prosseguirem os seus sonhos.

[6] Odin, é o deus mais respeitado da mitologia nórdica. Geralmente ele é retratado como o rei dos deuses, e associado a sabedoria, a cura, e a morte.

[7] O poeta está observando uma ilustração de Odin, do ano de 1850.

[8] Novamente, citando a Bíblia, o poeta descreve a cena dos Discípulos de Emaús (Livro de São Lucas, 24-13).

 [9] O fim do mundo não é marcado apenas por destruição e sofrimento, e sim, renascimento Espiritual, e beleza arquitetônica, representada pelo Templo.


Cruza o meu caminho

 Vêm, cruza o meu caminho,

Faz meu corpo, esse ferro, Sentir-se de novo passarinho. Voar imenso, voar em paz, Vêm, cruza o meu caminho. Que a sua voz de mel me Faça levantar até o alto-Céu. Vêm, cruza o meu caminho, Para que eu possa amar tranquilo.

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Só lendo os poetas árabes

 Só lendo os poetas árabes,

ascetas, religiosos, é que consigo entender o sentido da vida.

Fiz um verso para você

 Fiz um verso para você

e eu o esqueci em cima da areia. O mar o apagou. Ciúmes das águas salgadas por ter minhas palavras em suas próprias linhas...

Se faço poemas curtos

 Se faço poemas curtos

não é porque tenho medo de ser extenso... É que não consigo contar nem calcular (SÓ DEUS É O PERFEITO!) as águas do mar com os olhos da balança do coração.

Deixai

 Deixai que o coração diga

o que os lábios não disseram...

terça-feira, 2 de novembro de 2021

é possível?

    É possível escrever com alguém as suas costas? É impossível. É como ter uma sombra me agonizando o tempo todo. Não posso. Sou o poeta do minucioso. Não quero ser visto, não quero que ninguém me veja escrevendo. Preciso respirar a solidão para compor multidões de alegrias. Você, que me entende, saberá que quando componho uma rosa ou uma mariposa, tenho nas mãos o fruto do bem e do mal de nossos primeiros pais, Adão e Eva. E isso não é um dilema. É uma necessidade. Por isso escrevo versos, e poderia fazer isso com a graça de Deus até o fim dos meus dias, ou até a necessidade aguda do infinito.

Olhem, vejam bem, eu não gosto muito de me estender em assuntos do qual não sei nada. Por isso a minha prosa é melancólica como um caracol sem casa. Quando começo a galopar nas ondas da escrita, tudo e nada podem ser lidos nas minhas palavras. Isso é um mistério que tenho com a natureza e com o vento.Por isso, se duvidam de mim como um homem, que saibam que sou um sátiro, um fauno alegre, e não vejo a hora de começar o chá.

Quem não ama

 Quem não ama nunca conseguirá me entender.


Eu só falo a linguagem do amor!

Às vezes sou um poeta

 Às vezes sou um poeta,

confesso. Com erros, dúvidas, tristezas. Canto qualquer coisa: uma aranha triste, uma casa abandonada, um amor esquecido. Se ninguém me lê não me importo. Só quero saber as horas dos sonhos e dos amores eternos.

O seu amor

 O seu amor é como um punhal

Que me fere, me arde, me dói. Me enche de amor astral Esse amor vivo que me rói.

Tudo na vida

 Tudo na vida é um mistério.

E a vida é o mistério de tudo.

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Vento solar

 Vento solar

E estrelas do mar nadando Eis Um girassol Da cor de seus cabelos Vermelhos.

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Que rosto belo

 Que rosto belo tem aquela que me olha e observa

Enquanto na Luz dourada me desperto,
Sei que a vejo bela e decerto
Só a vida sua beleza preserva.

Não posso nunca esquecer sua beleza de gazela,
Dourando o beijo que ela me dá como estrela.
Jamais deixarei de entendê-la.
És a mais bela, Óh Donzela.

Mil poentes

 Mil poentes

Mil poentes os teus olhos tem. Mil, apenas, e nada mais do que isso. Nada pode ser acrescentado. Eu garanto. Como observo o poente cheio e lírico, cheio de nuvens amarelas e estrelas sorrindo. Mil poentas os teus olhos tem. E nada mais... Amém.

sábado, 23 de outubro de 2021

Deixai o meu nome escrito na areia

 

Deixai o meu nome escrito na areia
Para que o tempo, que tudo esfarela,
Torne as palavras de uma cor amarela.
E que o lembre a mais bela sereia.

Deixai o meu nome escrito na areia
Diante do Mar, touro de águas vermelhas.
Fulgurando de sol os brasões e silhuetas.
E que nunca o esqueça a bela sereia

Gosto de escrever

 

Gosto de escrever.
Assim posso pôr o
Mel das palavras na
Ordem do papel.

O papel é o silêncio,
É o ritmo das consciências.
Como é bom criar,
Sonhar, desenhar.

Nasci artista como
Aquele que nasce
Cego, ou mudo,
Ou surdo.

Simples e direto.
Por isso escrevo,
Amada minha.

Algum poema, sim, algum poema,

 Algum poema, sim, algum poema,

Que venha com o fogo, com o tema. Tudo ou nada; que se decifre em mares Ou mesmo outros olhos, ou luares. Que seja um poente, ou existência, Para se ler com muita paciência. Algum poema, sim, algum poema. Que venha com o fogo, com o tema.

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Para Isabel, meu ouro e mel

 Para Isabel, meu ouro e mel

A arte de amar Essa domino, Desde menino, No beijo a voar, Nos olhos fatais Dos desejos ideias Que sua face morena Trouxe a mim tão plena.

De um verso perdido

 Pelos amores dos mares,

Pelos amores dos cabritos,
Vai levando para outros ares
As bucetas para os pintos duros.

Se o vento passa serenamente

 Se o vento passa serenamente

Nos teus lábios, boca e seios, Vou beijar na luz dos ventos O cristal belo e imponente Desse corpo tão moreno Que carregas como cruz. Onde o Amor vivo reluz, Em teu olhar sereno.

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Schopenhauer

 E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. 

Marcos 16:15



Sei muito bem, Pensador, que seus pensamentos

Nascem dos pensamentos dos Vedas Indiano.

Minha alma nascente de jovem Bíblico Cristiano

Não vai concordar com todo os seus fundamentos.


A Vontade que dizes, é cega, IRRACIONAL,

E que nenhuma lógica tem o Viver.

Porém não dizes certo que desprezas o Ser

Porque não foste Amado com o Amor Ideal?


Sofre, todos Sofrem, todos Suspiram.

Pior é aquele que Não Aprende a Matéria

De que Viver não é Todo só miséria.


Somos então corpos representando um teatro múltiplo

Nessa vontade de ações impulsivas 

que busca a vontade da vida, desde Eras Primitivas?






O amor é cego, é mudo, é surdo

 


Bastou a ti o  Amor sem sentido

Mesmo que outros o tenham mais.

Pegando mágoas desses animais,

De poesias que me tens pedido.


Faltou um tema, qualquer que seja,

Para que o Amor ardesse nos versos.

Afinal, a lição máxima de quem verseja

É criticar esse mundo de perversos.


Quebrei esse Amor na imagem dos meus sonhos,

Meditando nas Luzes claras dos anjos.

Palavras cultas te deixei, Coração!


O amor da Humanidade é uma mentira concreta!,

E a mão que afaga apedreja o mesmo poeta.

E assim se engana quem não Ama, vibra Elucubração. 

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Em ti não tenho ti

 

Em ti não tenho ti,
Então não posso ter-te.
Não, não posso tê-la.
A quem pertence
Esse meu ser que
Já não existe?
Pertence a quem?
A mim ou a
ELa?