Moisés, o egípcio ?
Há muito tempo atrás quando eu estava me formando no terceiro grau do ensino médio, me deparei na biblioteca da escola com um livro fantástico que me deixou completamente (em termos acadêmicos) fascinado: o livro se chamava Moisés e o monoteísmo, e seu autor era um judeu austríaco de fama mundial, Sigmundo Freud.
Confesso que o nome de Freud sempre me foi conhecido por base, pos eu já sabia que ele era o pai da tal psicanálise, que para mim sempre passou de um sistema estranho e charlatão. Isso não quer dizer que não fiquei interessado em ler o texto que se encontrava em minha frente. Desde pequeno tenho certo fascínio por temas religiosos, e isso deriva não só dá culpa da minha origem semitica como também no caso de que me propus a ler histórias bíblicas já com cerca de cinco anos de idade.
Fiquei encantado com o método no qual Freud pretende aplicar suas interpretações da origem do monoteísmo e da figura de Moisés no conceito judaico.
A sugestão de Freud é que Moisés nasceu em uma casa egípcia, em vez de nascer como um escravo hebreu que foi criado na casa real egípcia. Essa ideia não me chocou. Pelo contrário, deu-me bases convincentes de entender que a interpretação de um texto está sujeita a vontade do indivíduo, seja lá qual for o seu pensamento sobre o assunto.
Podemos até lembrar Maneto, que não sugere, apenas historiografa que Moisés era um sacerdote rebelde que teria liderado uma excursão de pessoas contra a religião oficial egípcia naqueles longínquos tempos, e que o nome desse sacerdote seria chamado de Osarseph.
Ora, Freud deveria ter lido tais fatos para condensar em sua análise a ideia de que Moisés era um egípcio, que liderou seus seguidores (os futuros israelitas?) a obedecerem uma religião monoteísta, ou seja, a servir uma só divindade. Freud supõe que Moisés provavelmente foi um seguidor de Akhenaton, o primeiro monoteísta registrado no mundo, que tinha como divindade o sol.
Freud sugere que os seguidores íntimos desse suposto Moisés egípcio acabaram o matando em uma rebelião contra esse homem. E que depois disso teriam se unido com outras tribos do deserto, citando os midianitas, também adoradores de uma divindade só.
Freud explica que, séculos após o assassinato do Moisés egípcio, os rebeldes lamentaram sua ação, gerando assim o conceito do Messias como uma esperança para o retorno de Moisés como Salvador dos israelitas.
Freud afirmou que a culpa coletiva reprimida (ou censurada) decorrente do assassinato de Moisés foi transmitida através das gerações; levando os judeus a terem expressões neuróticas de sentimento legalmente religioso para dispersar ou lidar com sua herança de trauma e culpa.
Por que Moisés não seria egípcio? Por que ele não poderia ter sido um sacerdote? Há um choque de carácter especulador nesse livro, que me deixou fascinado, e a partir da leitura dele entrei de alma e corpo na obra de Freud.
E hoje ainda é possível causar polêmica em qualquer pessoa sectária ao se perguntar em algumas rodas religiosas de teologia (sejam judaicas ou cristãs): conheces Moisés, o egípcio?
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