Busca em ti o vazio da cidade
Cinzenta e sem vida onde
Marcham milhões em direções
Dispersa, quase como que
Infinitas.
Transbordando em ti o vazio
Da arte, as agressões malditas.
Sente no ar tudo o que faz parte:
Gritos, vozes, carros, máquinas.
Faz muito tempo que eu não
Sento na mesa e tomo café
Com Walt Whitman, nem deixo
De cantar com Lorca a voz andaluziana.
Em várias direções a cidade se extermina
No que ela é: gelo de prédios e monte
De ossos que não sabem, balbuciam.
Para que? Tudo tem um porquê,
Até a matéria infinita do cosmo que
De repente se torna flor, oceano, copo.
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