quinta-feira, 16 de maio de 2019
Acredita em mim, coração!
Mirando belos montes,
Montes, montes, montes, montes,
O pequeno menino sentado
No rochedo do mar intranquilo
Olha as árvores e chora.
Lágrimas te escorrem da cara,
E já não são caracóis nem anjos.
São pimentas e canas que lhe dessem
O rosto amorenado pelo sol.
Borboletas e insetos cantam
A morte e a transparente vida.
O vento é um frio carrasco
E as sementes não são divinas.
Montes, montes, montes, montes,
Embalam a beleza da cega colina.
A cidade pequena e distante
Fervilha seus pecados de cobre.
Mulheres como folhas de fogo
E homens sem limões de bondade.
Montes, montes, montes, montes,
Pelo céu a figura rota de Walt Whitman
Escrevendo seus poemas em forma de areia,
A lua cheia como um cristal sem vida
Carrega saudades dos sábios mouros.
Pelo frio da vida vai levando
O menino em forma de anjo.
Antigamente ele foi apenas um espectro.
Hoje sua silhueta arde e esquece o destino.
O frio vem de longe como uma navalha,
E os arcanjos cantam com o menino
Pelos montes, montes, montes...
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