quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Elegia para Adamantina


Adamantina, a ilha minha,
não sei de onde chegou,
de onde veio,
se do café, se do leite das vacas,
não sei se o orvalho do campo
quis que fosse minha ilha,
minha quente ilha,
cheia de carros, carros
que não sabem se vão
ou se voltam, igrejas,
sim, muitas, e bares,
conveniências, e um enorme
buraco no meio, com postos de gasolina,
com pessoas indo e voltando,
para suas casas que me lembram
tumbinhas enfeitadas,
ai, Adamantina, linda, bela, feia,
que cidade estranha, que cidade
curvada, onde, quem colocou
as silhuetas da suas casas?
quem te pos na mão desses
homens que não sabem se
sobem ou se descem?
és por acaso um caldeirão?
Cidade minha, luminosa e triste,
cheia de escuridão por dentro,
névoa, névoa controladora,
só há mercados para trabalhar
em ti? não há outra coisa a não
ser trabalho? somos todos teus
filhos criados para sermos escravos?
que estranho, és bela, minha donzela,
minha cidade, minha bela cidade
ali estão construindo casas, vejo pela
janela, já destruíram o riozinho que
passava no fundo?
e agora, os carvalhos vão ser plantados onde?
onde vão colher o café?
o gado eu sei que será morto em algum lugar
bem longe da vista dos religiosos,
você é imensa, você é bela, você é tediosa.
Como te amo, cidade luz, altaneira sem bandeiras.
Te amo, assim como amo de Cristo a Luz.

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