sábado, 25 de agosto de 2018
Divã completo do amor incompleto
-para neide, minha amiga
Foi no bosque, e faz muito tempo,
eu não tinha
naqueles dias esses olhos tristes de
molusco esfomeado,
nem minhas mãos eram foices
de borboletas amarelas.
Minha casa tinha um caminho e atrás
dela o fogo cristalino de um rio branquinho.
Eu sentia saudades dela, dias, anos, meses,
de vez olhando seu corpo nu, espiando
a janela entre o sol e o vento, via o
corpo perfeito de japonesa, como um
girassol brilhante, e meus olhos sabiam
que contemplavam uma estrela na terra.
Mas ela não sabia o meu nome, porquê
era um enigma, nem a chuva aconselhava
o amor, nem a felicidade repartia
com os serafins o mel, nem a tristeza
arrancava do silêncio mechas vivas
do amor frondoso como a aurora.
E o bosque queimou as folhas, e o fogo
levou lentamente meus sonhos;
morri, revivendo; amei ela, sem ser correspondido.
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